ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL DO FENÔMENO DA ARENIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE ALEGRETE E MANOEL VIANA, RS, BRASIL

Victor Hugo Salinas Camarillo, Rejane Maria Reis, EDUARDO LOBO

Resumo


Para compreender o fenômeno da Arenização no Rio Grande do Sul, precisamos diferenciar desertificação de arenização. A desertificação refere-se ao fenômeno de empobrecimento dos solos em regiões de clima árido, semiárido e subúmido seco, onde os índices de precipitação são mínimos, inferiores aos 1400 mm anuais. A arenização, pelo contrário, ocorre em áreas de clima úmido com precipitações intensas, maiores aos 1400 mm anuais, condição que caracteriza a porção sudoeste do RS, sendo que o resultado desse fenômeno é a perda de cobertura vegetal e a formação de areais, pela ação da água das chuvas e dos ventos. Nesse contexto, nos dias 1 e 2 de abril 2017, realizou-se uma Visita Técnica aos municípios de Alegrete e Manoel Viana, RS, com o objetivo de reconhecer as principais características ambientais e a influência antrópica das atividades econômicas desenvolvidas na formação de areais. Essa Visita Técnica integrou os conteúdos da disciplina “Ecologia Geral”, do Curso de Ciências Biológicas, da UNISC, desenvolvida no decorrer do primeiro semestre de 2017. Durante a visita a quatro areais nestes municípios, verificamos o resultado da degradação do solo pela textura e cor da areia e a presença de dunas nas áreas mais afetadas, a remoção da vegetação nativa para o plantio de soja, além da introdução de maquinaria pesada com que realizam as atividades agrícolas, que claramente pode se reconhecer como um fator que agiliza o processo de arenização, além dos fatores ambientais e climáticos que resultam na mudança da composição vegetal típica do Bioma Pampa. Algumas atividades como a agricultura com lavouras de soja com grande expansão, criação de gado e construção de estradas são comuns nestas áreas. Segundo entrevistas feitas, o uso do solo na região tem mudado nos últimos anos, acrescentando-se os monocultivos de soja, pois o custo de arrendamento é menor que o custo de áreas para a criação de gado. Nessa região, os antigos donos das terras não trabalham mais segundo as tradições dos seus antepassados, e preferem arrendar essas a pessoas que não conhecem o seu uso adequado nem as espécies nativas da região. Dessa forma, o uso de maquinaria pesada e a mudança na vegetação nativa têm aumentado a susceptibilidade do solo à erosão hídrica, surgimento de areais e voçorocas, além da diminuição da biodiversidade da fauna e flora local. Algumas medidas estão sendo implementadas na contenção deste fenômeno, como a plantação de eucaliptos visando conter a ação erosiva do vento, mas não se observaram ações de remediação. Percebe-se uma necessidade imediata de intervenções por meio das autoridades locais e ambientalistas, visando desenvolver um trabalho de conscientização junto à comunidade, integrando ações de preservação, manejo com plantações e reflorestamento com espécies nativas locais que se adaptem as condições climáticas do local. A preservação do Bioma Pampa, restrito ao RS, é de fundamental importância, considerando que é um dos biomas das áreas de campo em clima temperado mais importantes do mundo; trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global.


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