ANÁLISE INSTITUCIONAL DO CENTRO OBSTÉTRICO DE UM HOSPITAL DE ENSINO
Resumo
O presente trabalho trata-se da Análise Institucional realizada no Centro Obstétrico (CO) de um hospital de ensino, atividade integrante do Estágio Integrado do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. O período gestacional é considerado bastante ansiogênico, o momento do parto pode provocar impactos emocionais na mulher, a partir desses pontos nos interessa compreender como a instituição se articula frente às diferentes situações vivenciadas cotidianamente. Nessa perspectiva, o foco foi conhecer o funcionamento, as regras, as normas, as particularidades e as relações que os funcionários estabelecem entre si nesse setor. A Análise Institucional tem como objetivo explorar as potencialidades do coletivo, utilizando-se dos processos de autoanálise e autogestão, que seriam o reconhecimento de suas necessidades e o seu gerenciamento, tornando-se capaz de rever e produzir novas formas dentro da instituição. Portanto, o objetivo desta análise é compreender como a instituição percebe a mulher em seus aspectos biopsicossociais e identificar como o período pré e pós-parto, assim como as situações de abortamento e óbito fetal, são entendidos pela equipe, enquanto geradores de tensões, angústias e ansiedade. Para a realização deste trabalho, seguiu-se o modelo de roteiro proposto por Baremblitt (1996), nesta concepção o objetivo é propiciar que a instituição desenvolva experiências autogestivas, tornando-se capaz de autoanalisar-se e de gerenciar suas próprias questões. Assim, realizou-se um total de oito observações no centro obstétrico de um hospital durante um período de três meses. Adotou-se como metodologia o diário de campo, onde descrevemos cada etapa das observações e das entrevistas realizadas. Utilizou-se ainda, a revisão bibliográfica com o intuito de articular a prática com a teoria. Pode-se observar que o momento anterior ao parto e o pós-parto são permeados por sentimentos ambivalentes manifestos nas mulheres e em seus acompanhantes de diferentes formas. Os temas analisados surgem a partir das primeiras observações no campo, em que constantemente emergem situações provocativas de sofrimento, angústias e culpa, quando no compartilhamento pelo mesmo espaço de gestantes de alto e baixo risco e de mulheres em situação de abortamento e óbito fetal. Através de diálogos, pode-se perceber que a Análise Institucional promoveu a autoanálise na equipe, sensibilizando-a no reconhecimento do sofrimento provocado nas mulheres em situação de abortamento e óbito fetal, quando elas se deparam, ao caminhar pelo corredor da Maternidade, com inúmeras fotos de mães com seus filhos recém-nascidos, até o CO, onde precisa compartilhar a mesma sala de pré-parto com outras mulheres prestes ao nascimento do filho saudável. É importante salientar que todos os aspectos observados no decorrer de nossa análise foram evidenciados no momento da devolutiva para a instituição, buscando suscitar discussões e reflexões para a autoanálise, a autogestão da organização. A partir da análise, foi possível refletir e problematizar as condições estruturais do local, as relações entre a equipe e a mulher e seu acompanhante, bem como todos esses fatores influenciam emocionalmente neste período. O propósito deste trabalho foi para além de conhecer os procedimentos realizados pelo local, pois se buscou conhecer as particularidades, normatizações e as relações estabelecidas na instituição.
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