PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA VIOLÊNCIA NOTIFICADA NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL/RS, SEGUNDO DADOS DO SINAN*
Resumo
A violência é uma realidade crescente nos últimos anos, acarretando problemas de ordem pública e social, pois afeta todas as classes econômicas e sociais, idades, sexos e atinge locais variados. Este tipo de análise torna-se importante para subsidiar o desenvolvimento de ações de intervenção precoce pela rede de saúde, bem como a garantia dos direitos das vítimas. A análise da série histórica da violência no município de Santa Cruz do Sul, a partir de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), traçou o perfil epidemiológico da violência notificada da cidade. Destacam-se as faixas etárias mais atingidas, bem como os sexos, tipo de violência e os locais com maior ocorrência de casos. Assim, objetiva-se caracterizar a ocorrência da violência dos casos notificados no SINAN, em munícipes, no período de 2011 a 2016. Para isso, foi realizado um estudo descritivo, a partir do banco de dados do SINAN, analisando-se dados específicos contidos na Ficha de Notificação da Violência Interpessoal e Autoprovocada. Os dados preliminares aqui apresentados indicam, até então, um total de 1.734 casos de notificação compulsória de vítimas de violência, com predomínio significativo de mulheres (76%), ou seja, 1.333 casos, contrapondo a, apenas, 401 homens. Dentre as faixas etárias mais atingidas, a grande maioria (67,1%) encontra-se entre os 20 e 59 anos, seguidos dos 10 aos 19 anos, que representam 20,6% dos casos. Chamam a atenção os locais de ocorrência, sendo a residência das vítimas o local mais comum (67,3%). Destacam-se, também, os tipos de violências mais praticadas, como a física (36,1%) e a psicológica/moral (31,2%), a autoprovocada, contempla, dentre elas, o suicídio e a tentativa de suicídio, apresentando valores totais de 291 vítimas, o que representa 7,6% do total de casos. Os achados apresentados revelam que as principais vítimas da violência no município são mulheres na faixa etária produtiva, violentadas fisicamente dentro de suas casas, sendo o provável autor de agressão uma pessoa de seu convívio íntimo. É importante destacar que os resultados aqui encontrados refletem, em parte, a realidade de Santa Cruz do Sul, ressaltando-se que a situação de subnotificação dos casos de violência ainda é um problema a ser enfrentado no município, onde as equipes de saúde vêm sendo incentivadas a notificar e a contribuir para maior divulgação de informações. A partir dessa análise, percebemos a importância do conhecimento do perfil epidemiológico da violência para subsidiar a elaboração de políticas integrativas que promovam a saúde e a qualidade de vida na nossa região.
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