MÃE MEDEIA: A PERCEPÇÃO DA MANIFESTAÇÃO DA “SÍNDROME DA MÃE MALICIOSA” NO PROJETO “QUEM É MEU PAI?” DESENVOLVIDO NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA, RS.

Luiza Gomes Machado, Andressa Campestrini dos Santos, Geórgia Sperling Garcia da Silva, Morgana Silveira Traslatti, Aida Victória Steinmetz Wainer, Karina Meneghetti Brendler

Resumo


Com o crescente aumento do número de divórcios no país - muitos dos quais envolvendo crianças - um padrão de comportamento anormal tem surgido e tem recebido pouca atenção do meio jurídico. Esse comportamento não acomete apenas casais em processo de ruptura conjugal, mas também tem sido percebido entre genitoras que participam do Projeto “Quem é meu pai?”, desenvolvido pelo curso de direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC em Capão da Canoa, deixando nítido que tais comportamentos e síndromes não fazem parte apenas de um ideário social, tampouco são meros estudos teóricos, mas existem e estão presentes no cotidiano. Assim sendo, o presente estudo aborda a Síndrome da Mãe Maliciosa estudado de forma conjunta com o Complexo de Medeia e faz uma associação entre o comportamento das mães acometidas pela síndrome e o das mães que participam do projeto, especialmente diante da recusa da genitora em revelar a identidade paterna aos filhos, decisão decorrente do abandono por parte do companheiro e o misto de sentimentos de paixão, punição e ódio. Ademais, as genitoras afetadas por tal síndrome possuem grande dificuldade em separar seus próprios interesses dos interesses de seus filhos e em razão disso vivem plenamente convencidas que tal decisão atende e garante o melhor interesse dos filhos. A partir desta relação, pôde-se constatar que o perfil patológico associado à mãe Medeia que, amargurada em razão do abandono de seu amante, arquiteta um plano trágico que acarreta na morte de seus próprios filhos para vingar-se do ex-companheiro, pode ser associado ao perfil de muitas genitoras participantes do Projeto “Quem é meu pai? ”, permitindo considerar que muitas delas possuam alguma patologia psíquica ou sofram da aludida síndrome. Observa-se, assim, que as chamadas “Mães Medeias” são acometidas por grave anormalidade comportamental, visto que são persistentes e se envolvem em diversos comportamentos maliciosos com o objetivo de alienar sua prole do genitor, bem como no caso específico do projeto, negar aos filhos o direito de saber quem é seu pai, fazendo, para tanto, uso de artifícios tais como criar genitores fictícios, referir que os genitores estão mortos, que desconhecem seu paradeiros e até mesmo afirmar que tiveram relação com um total desconhecido. Ao final, pôde-se concluir que o Complexo de Medeia e a Síndrome da Mãe Maliciosa merecem ser melhor investigados pelas áreas clínicas e sua incidência considerada pelo meio jurídico, principalmente pelo direito de família, pois seu efeito na vida dos filhos, em especial no que diz respeito ao reconhecimento de paternidade, pode ser devastador, vez que é negado a muitas crianças e adolescentes o legítimo direito de conhecer sua origem.

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