TRABALHO PRECARIZADO, PARADIGMA DA EXCELÊNCIA E O ADOECIMENTO PSÍQUICO DOS TRABALHADORES

Isabela Cristina Lemos, Tauane Schroeder, Amanda Ulguim Gomes Agnes, Patrícia Willig Mór, Marcus Vinicius Castro Witczak

Resumo


O presente trabalho parte da escrita de um artigo na disciplina de Psicologia do Trabalho I do curso de Psicologia. O objetivo deste foi compreender as relações contemporâneas do trabalho que se encontram em condições precarizadas atualmente e, dessa forma, refletir sobre o adoecimento psíquico dos trabalhadores e a implicação que os profissionais da saúde possuem nesse cenário. A precarização das relações de trabalho priva os indivíduos de um trabalho digno, tendo em vista que o mundo da produção tem seu foco na acumulação do capital e na lucratividade, o que acarreta na perda da razão social do trabalho. A precarização pode ser expressa em algumas dimensões: em relação aos vínculos trabalhistas e às relações de contrato, em que há perdas de direitos e benefícios; referente à organização e às condições do trabalho com metas e ritmos intensos; a precarização em relação à saúde do trabalhador, na qual há uma fragilização de sua saúde referente a todas as dimensões: orgânica, existencial e identitárias. E outra dimensão refere-se à dificuldade de construir uma identidade individual e coletiva também, ou seja, o que conduz à fragilização dos agentes sociais, como dos sindicatos e organizações coletivas. Ao refletir sobre as consequências da precarização, entende-se a relação com o adoecimento dos trabalhadores, visto que, esse processo desestabiliza, gera insegurança e volatilidade no trabalho. Nesse sentido, escolhemos o atual paradigma da excelência para relacioná-lo com o desgaste psíquico. Tal paradigma engendra os trabalhadores para uma dedicação total que disfarça a relação de subordinação. Os desejos da empresa passam a ser os desejos do empregado, considerando ainda que em nome da excelência configura-se um ambiente propício para o assédio, especialmente o assédio moral e o organizacional. O assédio moral se caracteriza pelos ataques à dignidade, quando esse é feito de modo repetitivo, sistemático, deliberado em um período extenso. Já o assédio organizacional é consequência de uma estratégia para que os trabalhadores se submetam aos modos de trabalhado que são impostos que visam à maior produtividade. Tal modo de trabalho gera desgaste, isolamento social e a desestabilização psíquica do indivíduo, que pode provocar transtornos como a Síndrome de bur-out. Compreendemos que a precarização é um processo que afeta especialmente o mundo trabalho e pode ser caracterizada pelas seguintes palavras: insegurança, sujeição, incerteza, individualismo, flexibilidade. Dentro das organizações existe uma intensificação do trabalho, ditada por ritmos intensos e metas, às vezes inalcançáveis, o que nos fala de um paradigma da excelência. Essas condições corroboram o desgaste psíquico dos trabalhadores, já que se abre o caminho para ações perversas. Nesse sentido, os serviços de saúde que atendem aos trabalhadores devem estar atentos, não escutando apenas os sintomas como se o sujeito estivesse deslocado de uma realidade, de relações e de práticas. Entretanto, apesar de já existirem avanços no cenário brasileiro no que diz respeito à Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) ainda há muito o que fazer, já que muitos profissionais de saúde negam a existência ou pouco se questionam sobre a relação entre o trabalho e os transtornos mentais.

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