PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE COZINHEIRAS E TRABALHADORES DE RESTAURANTES
Resumo
A história da profissão de cozinheiro encontra-se relacionada com a história da alimentação e da humanidade. Acredita-se que os primeiros registros da profissão sejam por volta de 300 anos A.C na Mesopotâmia. Se tomarmos como ponto de partida que o homem descobriu o fogo e a partir de então passou a cozinhar seus alimentos, já constatamos essa relação. Com a evolução da agricultura e dos processos de preparo dos alimentos, a profissão de cozinheiro passou a ser valorizada, atribuindo em especial à figura feminina a responsabilidade de se dedicar à organização das atividades domésticas e ao preparo de alimentos. Na atualidade, percebe-se um embate na valorização e remuneração destes trabalhadores tratando-se, de um lado, do glamour da profissão de “Chefe de Cozinha” instruído em escolas e faculdades de cozinha e gastronomia, e de outro, o cozinheiro do cotidiano de restaurantes e lanchonetes mais populares. O presente trabalho buscou resgatar a importância da profissão de cozinheiro e em especial, a figura feminina na cozinha, relacionando o papel da mulher e suas diversas potencialidades, ou seja, mãe, trabalhadora, dona de seu negócio e principalmente dedicada naquilo que faz. Nessa pesquisa, também foi abordado o paralelo prazer e sofrimento associados às estratégias defensivas criadas pelos trabalhadores como forma de enfrentar o sofrimento e as relações entre LER/DORT e os trabalhadores em cozinhas e restaurantes. Nosso trabalho foi desenvolvido na disciplina de Psicologia do Trabalho II, ministrada pela professora Karine Vanessa Perez. O método utilizado foi uma entrevista semiestruturada com a cozinheira/proprietária de um restaurante de Santa Cruz do Sul, foram também realizadas leituras de artigos sobre “O Prazer e Sofrimento no Trabalho”, os quais foram relacionados com as informações trazidas pela trabalhadora e, ainda, foram realizados registros fotográficos que ficaram à mostra em uma exposição da disciplina, os quais expressaram um pouco dos sentimentos e o cotidiano da trabalhadora. Nas falas da entrevistada pudemos identificar diversos fatores, de modo que ligá-los com os artigos não foi tarefa difícil. Principalmente em seu trabalho anterior, estressores como um não muito bom relacionamento com os superiores, a desvalorização do seu trabalho, cobranças e horários extrapolados obviamente tiveram efeitos negativos no seu trabalho e na sua saúde física e mental. No trabalho atual, o reconhecimento e a organização do trabalho têm tornado o mesmo mais prazeroso, permitindo que o modo de ser realizado seja mais produtivo e benéfico. O trabalho quando prazeroso tem como principal resultado a saúde mental, o que nos é confirmado através das falas da entrevistada sobre seu atual trabalho, sendo inibidor de futuros adoecimentos e quadros psicopatológicos, desconstruindo que o processo de adoecimento seja responsabilidade do trabalhador e não dos modelos de desenvolvimento e/ou processos produtivos. O trabalho, portanto, é uma referência fundamental para o indivíduo, influenciando decisivamente não apenas na construção de sua identidade individual, como também em sua forma de inserção no meio social, o que vem ocorrendo com a inclusão das mulheres no mercado de trabalho, oportunizando novos sentidos a suas vidas.
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