O PSICÓLOGO NA ESCUTA CLÍNICA COM SURDOS: UMA PRÁTICA EM CONSTRUÇÃO

Patrícia da Rosa, Karla Gomes Nunes

Resumo


O presente trabalho objetiva compreender as práticas psicológicas que ocorrem na escuta clínica com surdos, através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A pesquisa ora proposta refere-se ao trabalho de conclusão do curso de Psicologia e, portanto, encontra-se em desenvolvimento. De fato, a psicoterapia pode constituir-se como um recurso terapêutico importante para os sujeitos que possuem questões a serem trabalhadas. Nesse viés, pressupõe-se que os surdos por vezes se encontram desassistidos em termos de ações de bem-estar destinadas ao cuidado à saúde mental. A exclusão e a indiferença, as quais os surdos são submetidos, constituem-se como fatores que obstruem os direitos desses sujeitos, o que se torna mais difícil ainda em uma sociedade em que a maioria das pessoas são ouvintes. Nesse sentido, o estudo procura destacar contextualizações acerca da identidade, comunidade e cultura surda e sinaliza para a importância da língua de sinais, enquanto meio de comunicação dos surdos, além de elucidar os enlaçamentos históricos da psicologia e da surdez e evidenciar considerações atuais da prática psicológica clínica com surdos. A partir do diálogo com psicólogos que atendam surdos, busca-se refletir sobre a comunicação em Libras no processo de psicoterapia, além de verificar e mapear as estratégias terapêuticas utilizadas pelos profissionais no atendimento psicoterápico com surdos. Ademais, busca-se entender os desafios e as motivações percebidas pelo psicólogo nessa prática. Será utilizada para esta pesquisa a metodologia de pesquisa-intervenção, amostragem do tipo bola de neve e análise de dados com respaldo na Análise Discursiva. Os participantes serão os psicólogos que atendem surdos utilizando a Libras. Serão utilizados como procedimentos de pesquisa entrevistas individuais semiestruturadas, que serão gravadas em áudio para posterior transcrição e análise de dados. Os resultados preliminares apontam a impossibilidade de encontrar profissionais psicólogos que atendam surdos através da Libras em Santa Cruz do Sul e região. Além disso, enfatiza-se a escassez de discussões sobre esse assunto no decorrer da formação no curso de Psicologia. Vivemos em um contexto em que, enquanto acadêmicos de Psicologia, somos preparados para acolher aqueles que se comunicam utilizando a mesma língua que nós. E, ao pesquisarmos via Internet sobre psicólogos capacitados para o atendimento dos surdos através da Libras, vemos que são poucos profissionais que oferecem seus serviços a esses sujeitos, sendo que as buscas indicaram alguns profissionais que atendem surdos na cidade de Porto Alegre. O presente trabalho compõe a primeira etapa da pesquisa, sendo que haverá uma segunda, a ser realizada na região de Porto Alegre.  Propõe-se com esta pesquisa dar visibilidade ao trabalho dos psicólogos que atendem surdos utilizando a Libras como meio de comunicação e também contribuir para reflexões acerca dessa temática tão pertinente neste momento em que muito se fala e se vive a inclusão.

 


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