LUTO E MELANCOLIA: UMA VISÃO PSICANALÍTICA

Evelin Helena Torrel, Jerto Cardoso da Silva

Resumo


O processo de luto, segundo Cavalcanti; Samczuk; Bonfim (2013), encontra-se presente na dinâmica entre os dois extremos da existência humana: a vida e a morte. É entendido como uma perda de relação entre uma pessoa e seu objeto, considerado como um acontecimento mental constante e natural no desenvolvimento humano. O conceito de luto não abrange somente a morte, mas também o enfrentamento das constantes perdas simbólicas e reais durante o desenvolvimento humano. Assim, o luto pode ser vivenciado por meio de perdas que atravessam pela dimensão psíquica e física, bem como a vinculação com aspectos profissionais, pessoais e familiares do sujeito. O objetivo deste trabalho é refletir a partir de leituras psicanalíticas o que é um estudo de caso em psicoterapia. Desse modo, o presente trabalho se caracteriza como um Estudo de Caso que é resultado de atendimentos psicoterápicos individuais no Serviço Integrado de Saúde- SIS da Universidade de Santa Cruz do Sul, constituindo-se, portanto, de um trabalho teórico-analítico. De acordo com Nasio (2001), o termo “caso” diz respeito ao interesse particular que um analista dedica a um paciente, assim, essas experiências quando levadas para colegas e escritas constituem um caso clínico. Para a psicanálise o caso é considerado como um relato de uma experiência singular de um sujeito que sofre. É escrito por um terapeuta para atestar seu encontro com o paciente e sustentar um avanço teórico. Nesse contexto, tem-se um viés psicanalítico tendo em vista que seu material teórico, bem como discussão estão baseados neste. Este trabalho possibilitou maior entendimento sobre o luto e melancolia em um viés psicanalítico, através de diferentes autores, que possibilitaram a compreensão de diferenças e aproximações entre estes dois termos. Então, conclui-se que para Freud o luto representa uma fase transitória, em que o indivíduo se depara com a perda de um objeto de amor, e a superação desta fase acontecerá quando ocorre a substituição do mesmo, tendo em vista que a libido que foi investida no material perdido será colocada neste novo objeto. E na melancolia o sujeito irá se identificar com o objeto perdido, o que irá favorecer o empobrecimento do seu ego. Já Melanie Klein enfatiza que no luto normal o sujeito consegue restabelecer o objeto amado e perdido no ego, porém na melancolia essa reorganização não acontece. O estudo também colaborou para melhor entendimento do caso, bem como possibilitou pensar e retomar os atendimentos, facilitando o entendimento de alguns aspectos antes não entendidos. Assim, a construção de um caso clínico se refere ao aprofundamento da experiência da análise, acontecendo em uma situação psicanalítica de pesquisa, em que o objetivo da transferência não diz respeito à liquidação, mas sim, à instrumentalização. Desse modo, o caso permite ao analista reviver o caso, o que possibilita a este compreender aspectos até então não compreendidos.

Palavras-chave: Luto; Melancolia; Caso Clínico.

 

 

 

 


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