O TRABALHO COM SONHOS NA PERSPECTIVA DA GESTALT TERAPIA

Nivia Arlete Souza Duarte, Ana Julia Vognach, Suéllen Ramos, Leandro Alberto Machado, Maria Luisa Wunderlich dos Santos de Macedo

Resumo


O trabalho psicoterapêutico com sonhos se iniciou a partir das descobertas e análises de Freud, o qual os percebeu como uma manifestação inconsciente de desejos reprimidos, utilizando como método a interpretação, emergindo assim, os significados do conteúdo onírico. No entanto, outras linhas teóricas também foram se aprofundando no assunto, porém com um viés distinto, como a Gestalt-terapia. Assim, devido à importância dos sonhos na atuação do psicólogo, o presente trabalho busca apresentar como se dá esse entendimento e prática na abordagem gestáltica. Para tanto, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, enfocando as teorias fenomenológicas existenciais. Perls, um dos principais fundadores da Gestalt, percebeu o sonho como algo espontâneo, produzido por experiências atuais, vivenciadas no momento presente, no agora. (TEIXEIRA, 2005). Assim, todos os elementos do sonho estão relacionados com o sonhador, ou seja, a sua personalidade é expressa no sonho, pois há uma projeção de questões do cliente à cena onírica. Em função disso, a sua integração ocorre por meio do sonho, já que ele mostra aquilo que não está sendo possível enxergar com clareza, os conflitos interiores e as necessidades sobre as quais não se tem contato e/ou consciência. Para que esse indivíduo consiga estabelecer contato consigo mesmo, obtendo consciência de suas reais necessidades e conseguindo uma integração de si, a Gestalt-terapia utiliza a dramatização como técnica facilitadora da compreensão do sonho. O trabalho começa com o relato do sonho onde o terapeuta presta atenção integralmente ao sonhador e as características do que é dito, investigando o sentimento presente e as sensações corporais. Após isso, retorna-se ao relato do sonho, onde também se pode pedir que o sonhador assuma a voz de um elemento do sonho, um personagem ou objeto, e fale por ele no presente, como se fosse ele aqui e agora. (FILHO, 2016). A partir dessa dramatização, o cliente experiencia e realiza, no presente, todos os papeis que surgiram no seu sonho, assim esse sonho é revivido de maneira a envolver-lhe e proporcionar a possibilidade de consciência de sua situação, conflitos e necessidades. Portanto o sonho é a expressão daquilo que o cliente alienou, não obtendo consciência, mas que retorna como uma possibilidade de mudança e crescimento, como uma forma de fechamento das gestalten inacabadas, proporcionando a saúde do organismo e a integração do cliente com seus sentimentos e vivências. Deste modo, é visível que os sonhos representam destaque enquanto tema de estudo da Psicologia, sendo pesquisados e definidos nas mais diversas teorias. No entanto, a Gestalt Terapia se difere das demais teorias, pois tem um olhar único e um método de trabalho específico sobre os sonhos, sendo assim, embora essa temática não ocupe um lugar central na Gestalt Terapia, oferece uma grande oportunidade de aprofundamento da awareness no encontro terapêutico. A riqueza do sonho para o trabalho terapêutico está justamente na espontaneidade, que muitas vezes não emerge no cotidiano, pois existem muitas defesas. Trabalhando com os sonhos, como terapeutas, consegue-se trazer para o aqui e agora no experimento vivencial um material muito potente, no qual o cliente pode aprofundar a consciência de si, integrando materiais que ficam, geralmente, disfarçados e difíceis de serem reconhecidos e acessados.


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