A EXPERIÊNCIA DO ADOECIMENTO PSÍQUICO DE MULHERES QUE TENTARAM SUICÍDIO

Ana Julia Vognach, Teresinha Eduardes Klafke

Resumo


O suicídio é responsável por um milhão de óbitos por ano e configura entre as três principais causas de morte de pessoas com idade de 15 a 44 anos. No Brasil, a ideação, o plano e as tentativas de suicídio são mais prevalentes em mulheres adultas jovens. O modo de subjetivação dos sujeitos se dá, também, a partir da construção social de gênero. O patriarcado põe em funcionamento condutas comportamentais femininas e masculinas e, ao longo do desenvolvimento, os sujeitos são subjetivados, categorizados e assujeitados a essas normas. O adoecimento psíquico, este enquanto uma construção social, é vivenciado de modos distintos por cada sujeito, isto é, manifestam-se experiências de sofrimento psíquico distintas entre mulheres e homens. O adoecimento psíquico feminino mantém estreita correlação com a violência contra as mulheres e a violência de gênero. Este estudo faz parte do Trabalho de Curso para obtenção de grau em bacharel em Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Psicologia da UNISC (CAAE número 91514918.9.0000.5343). Delimita-se como objetivos a articulação entre os campos de saúde mental e os estudos de gênero, para compreender como mulheres que tentaram o suicídio experienciam o adoecimento psíquico na lógica da cultura patriarcal, analisando os fatores que as mesmas associam à sua tentativa e entender como elas significam a experiência da tentativa de suicídio. Trata-se de um estudo qualitativo, no qual terá como metodologia a realização de entrevistas individuais semiestruturadas com mulheres que tentaram suicídio e estão em acompanhamento em um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS adulto da cidade de Lajeado-RS. Para a análise dos dados será utilizado o método de Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2011). Como resultados esperados, espera-se trazer benefícios no atendimento à mulher na área da saúde mental, especialmente nos espaços dos CAPS, visto que poderá promover aos profissionais a compreensão dos fatores associados pelas próprias mulheres, analisados sob a óptica da perspectiva psicanalítica e pelos estudos de gênero, contribuindo para o direcionamento das estratégias e perspectivas de trabalho que produzam saúde, liberdade e autonomia para as mulheres, proporcionando reflexão sobre as práticas de saúde desenvolvidas. A Psicologia notoriamente vem contribuindo com estudos na área de saúde da mulher. Entretanto, é necessário articular o campo da saúde mental com os estudos de gênero para compreender a forma como homens e mulheres se representam, se constroem e estabelecem suas relações sociais no interior da sociedade, como permeia a produção dessas subjetividades e as interpretações sobre o adoecimento psíquico. A narrativa de si, enquanto instrumento de produção de dados, poderá promover uma intervenção a essas mulheres, refletindo sobre suas histórias de vida.

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