O INGRESSO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO APÓS A GRADUAÇÃO UNIVERSITÁRIA
Resumo
Exercer uma atividade laboral é algo que deveria possibilitar o desenvolvimento das potencialidades, das habilidades e dos talentos de quem ocupa e exerce determinada função dentro de uma organização. Nesta perspectiva constitui-se o conceito de inclusão. Em nossa sociedade, o trabalho vai além da questão da própria subsistência, pois, além de identificar o sujeito, é fonte de inserção social. O tema aqui desenvolvido abrange o mercado de trabalho e as Pessoas Com Deficiências (PCDs) graduadas e egressas da Universidade de Santa Cruz do Sul. Pressupõe-se que, após a graduação o sujeito esteja apto para o pleno desempenho profissional. Para estas pessoas, muitas vezes esquecem-se das capacidades profissionais adquiridas e olham somente para a deficiência em si. Ademais, podem surgir diferentes barreiras (em termos de acessibilidade) para o sujeito e para quem o contrata. Ao surgir o paradigma “inclusão”, inicia-se a conscientização da importância de uma comunidade acessível, permitindo a todos exercer seus direitos e deveres (FRIEDRICH, 2016). Conceito e processo de inclusão também são apresentados por outros autores (SANTOS, 2016; FILHO,2004; MENDES, 2004). Fatores que contribuem para inclusão são: a Lei de Cotas e a Lei Brasileira de Inclusão da PCD. A pesquisa sobre o Estado da Arte, correlacionados os termos, realizada entre março e novembro de 2018, não encontrou nenhuma produção teórica até então publicada, demonstrando uma lacuna neste campo de conhecimento. A partir disto questiona-se: como os PCDs percebem a sua entrada no mercado de trabalho após a conclusão de seu curso de graduação? O objetivo é investigar o processo de saída da universidade e a entrada no mercado de trabalho de egressos PCDs. Também, verificar se a deficiência é o fator que determina a contratação dessas pessoas (dada a Lei de Cotas). E ainda identificar a importância do trabalho para o desenvolvimento pessoal e profissional destas. Utilizou-se a entrevista narrativa (BAUER E GASKELL, 2004) de forma escrita e identificada como um método de pesquisa qualitativo. Foram participantes desta pesquisa 08 PCDs graduadas na UNISC, em um universo total de 11 pessoas. O processo de saída da universidade é apontado pelos entrevistados como parte de um processo que se dá desde o ingresso à vida acadêmica. Muitos focaram mais no trabalho atualmente exercido e na trajetória acadêmica do que no processo de saída da universidade. Assim, demonstraram o amadurecimento e o preparo adquirido para a entrada do mercado de trabalho. Geralmente, esta entrada foi rápida devido aà habilidades e competências adquiridas. A grande maioria deles iniciou logo a atividade laboral na sua área de formação e a deficiência foi um facilitador no processo, mas não o fator principal. As dificuldades vivenciadas durante sua trajetória acadêmica foi um fator que contribuiu para um autoconhecimento e amadurecimento, facilitador apontado para a entrada na vida laboral. Percebe-se que, mesmo com as políticas públicas de inclusão, a acessibilidade (atitudinal ou de barreiras físicas) é a maior dificuldade relatada. Os entrevistados estão atuando na área de formação e estão incluídos e integrados ás organizações devido a sua qualificação. Isto demostra um reconhecimento social pela sua eficiência e não pela deficiência apresentada.
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