SEGREDO SOBRE O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER
Resumo
O preconceito social que ainda existe em relação ao câncer faz com que muitos pacientes procurem manter segredo sobre sua doença, por medo tanto do estigma quanto da rejeição e enquanto não fala para ninguém, não toma uma providência, parece ter algum controle e não permitir que esteja acontecendo de fato. Segundo Penna (2010), isso acontece quando o paciente omite seu diagnóstico para não onerar emocionalmente os familiares. Escondendo seus sentimentos, busca apresentar-se fortalecido para que a sua família, frágil no seu entender, não desabe. Falar sobre a morte não é fácil para ninguém, mas poder falar desmistifica alguns aspectos e restitui ao paciente um pouco da sensação de controle, à medida que participa das decisões para o futuro da sua família (PENNA, 2010). Nesse sentido, é realizado o presente resumo, o qual trata-se da produção de trabalho teórico analítico, desenvolvido a partir dos atendimentos psicológicos realizados junto ao Serviço de Psicologia do COI/HAN, caracterizando-se como atividade integrante da disciplina de Estágio Integrado em Psicologia. O estudo objetiva a investigação e a compreensão de como se dá o fenômeno do segredo em relação ao diagnóstico de câncer. Utiliza enquanto metodologia a pesquisa bibliográfica. De acordo com Melo (2012), é possível averiguar que o segredo do adoecimento gera sofrimento a todos os envolvidos, bem como altera a rotina diária em relação ao cuidado prestado ao sujeito adoecido. Receber um diagnóstico de câncer causa impacto emocional ao paciente e seus familiares, podendo significar uma ameaça à saúde mental de todos. Trata-se de patologia que, todavia, apresenta o surgimento de fantasias envolvendo o tratamento e o prognóstico, constituindo-se dessa forma como um importante estressor para a pessoa doente e familiares, podendo causar sofrimento psíquico (MELO, 2012). Segundo Anton (2018), o quê, por quê, para quê e às custas de quê revelar um segredo é um aspecto que merece ser cuidadosamente analisado, bem como as representações desse segredo e os sentimentos a ele associados. Diante do exposto percebe-se a importância da Psicologia no ambiente hospitalar, tendo em vista o auxílio aos pacientes e familiares frente ao complexo processo do adoecimento. Observa-se inicialmente a importância de uma conduta acolhedora por parte do profissional de saúde mental junto à família do enfermo, os quais se encontram fragilizados emocionalmente e em sofrimento devido às diversas alterações ocorridas. A partir do relato dos pacientes e familiares durante os atendimentos psicológicos e também daquilo que é apresentado na literatura, observa-se que os pacientes que mantêm segredo sobre a sua doença, apresentam medo de serem estigmatizados ou rejeitados devido ao preconceito em relação ao câncer, pelo estigma em relação à morte e, ainda, como estratégia de proteção em relação aos seus familiares. O processo de esconder a morte começa com a própria doença. Não se fala sobre o que está acontecendo: médicos, família e paciente parecem querer fingir que está tudo bem, na tentativa de protegerem uns aos outros e a si próprios do sofrimento, evitando, assim, que a situação saia do controle, da normalidade. (TINOCO,2003). Resta clara dessa forma a importância da atuação da Psicologia diante deste contexto de adoecimento e sofrimento, buscando auxiliar os pacientes no ajustamento psicossocial frente à doença.
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