OS DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL DO INTERIOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Os Cuidados Paliativos têm por objetivo oportunizar a humanização nos atendimentos a pacientes sem possibilidade de cura. Os pacientes recebem assistência e acolhimento da equipe multidisciplinar, que proporciona conforto a eles e seus familiares que passam pelo momento difícil da morte. O assunto morte é tabu para algumas pessoas. Por mais que seja algo universal, ainda existe o medo de sentir a insuportável dor da perda. Neste sentido, o presente trabalho tem o propósito de compreender e contextualizar a implementação dos Cuidados Paliativos num Hospital do interior do Estado de Rio Grande do Sul, demonstrando a perspectiva dos profissionais que fazem parte do grupo de pesquisa dos Cuidados Paliativos. Também, pretende identificar os problemas encontrados na inserção e desenvolvimento do serviço. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa de natureza descritiva. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com profissionais envolvidos no Grupo dos Cuidados Paliativos. Na discussão dos dados emergiram quatro categorias: a primeira, refere-se ao significado dos Cuidados Paliativos para cada profissional entrevistado; a segunda, os sentimentos manifestos no que tange a este processo; a terceira, os desafios encontrados e a quarta, como está ocorrendo a implementação. Ao analisar as informações surgidas percebe-se que não há total compreensão do significado dos Cuidados Paliativos, para os profissionais das diferentes áreas. De modo geral, eles entendem que são cuidados prestados a pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura no sentido de controlar e aliviar o sofrimento físico, psicossocial e espiritual do indivíduo. Além disso, essa terapêutica deve ter um caráter multidisciplinar que possibilite um cuidado integral, no qual a ocorrência da morte seja digna e sem sofrimento. Entretanto, alguns profissionais focam sua perspectiva mais na dor física, vinculando as técnicas apenas no final da vida. Desse modo, foi possível constatar a falta de conhecimento específico, pois ao serem questionados sobre a sua graduação, houve relatos que, em nenhum momento foram abordadas tais temáticas. Tal falta de conhecimento pode estar relacionada com a pouca experiência e maturidade para lidar com a morte, ausência essa que traz uma carga de sentimentos para esses profissionais. A certeza de que há muito a se fazer é de grande valia para os multiprofissionais envolvidos na construção do grupo, pois o mesmo está concretizando a implantação da melhor forma possível. Conclui-se com o desejo de dar mais visibilidade e ênfase para o significado dos Cuidados Paliativos, através da compreensão de que o bem-estar do paciente deve ser mais relevante do que a longevidade. Da mesma maneira, espera-se que pacientes, familiares e profissionais da saúde, possam entender que a elaboração da dor e da morte devem ser considerados processos naturais, sendo necessária a problematização do assunto.
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