DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE LOCOMOTORA E EFEITO NEURODEGENERATIVO NO SISTEMA NIGRO-ESTRIATAL E CÓRTEX CEREBELAR DE RATOS SUBMETIDOS AO MODELO EXPERIMENTAL DA DOENÇA DE PARKINSON INDUZIDA POR PARAQUAT
Resumo
Sabe-se que a Doença de Parkinson (DP) é uma desordem produzida principalmente pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos. Alguns estudos têm demonstrado que a origem da DP está fortemente relacionada à disfunção mitocondrial e ao estresse oxidativo, porém pouco se sabe sobre os danos ocorridos no cerebelo. O cerebelo é primeiramente um centro para o controle de movimentos e possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal. Ele não tem quaisquer conexões neuronais diretas com os neurônios motores inferiores, mas exerce sua influência, indiretamente, por meio do córtex cerebral e do tronco encefálico. As fibras que penetram o cerebelo se dirigem ao córtex e são de dois tipos: fibras musgosas e fibras trepadeiras, além das fibras serotoninérgicas e noradrenérgicas. O MPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina) é uma substância lipossolúvel, fato que lhe confere grande capacidade de cruzar a barreira hemato-encefélica, fazendo com que esta seja neurotóxica mesmo quando administrado por via parenteral. Em função da semelhança estrutural do MPTP com o Paraquat, estudos têm evidenciado que a administração do Paraquat sistemicamente em ratos, também pode induzir características específicas da DP. Muitos estudos já foram publicados a respeito da toxicidade de diferentes praguicidas, entre eles o Paraquat às células dopaminérgicas do sistema nigro-estriatal, porém poucos estudos relatam de forma completa e detalhada como outros grupos neuronais (cerebelo) são atingidos no modelo experimental da DP, tanto em nível celular, quanto comportamental. Sendo que o cenário atual ao qual se enquadram os conhecimentos sobre a etiologia e fisiopatologia da DP não permitem um entendimento completo e satisfatório sobre a doença e sendo ela exclusiva da espécie humana, não se manifestando espontaneamente em animais, utilizando modelos animais é possível ampliar as formas de compreensão da doença a níveis muito detalhados. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar e estabelecer um modelo experimental da Doença de Parkinson induzida por Paraquat através da avaliação histológica do cerebelo e do ensaio cometa do estriado de ratos Wistar, bem como o comportamento locomotor dos mesmos (Narrow beam test e Grip Strenght Test). Os resultados obtidos demonstraram que a camada granular do cerebelo apresentou uma diminuição na sua espessura já nas duas primeiras semanas de indução, diferindo estatisticamente do controle (P < 0.0001). O teste locomotor Narrow beam test só começou a apresentar diferenças a partir da segunda semana de indução da DP (P < 0.001), e a espessura da camada granular do cerebelo diminuiu ainda mais no final do experimento, mantendo a diferença significativa em relação ao controle. Não foram encontradas diferenças significativas no estriado e no Grip Streght Test. Portanto, como a maioria dos trabalhos mostram a neurodegeneração do sistema nigro-estriatal na DP, neste trabalho encontrou-se uma grande diminuição da camada granular do cerebelo. Provavelmente, esse resultado está associado com a alta afinidade que o Paraquat possui com os carreadores de membrana plasmática tanto nas células dopaminérgicas, quanto nas células noradrenérgicas e serotoninérgicas. Mais estudos são necessários para comprovar essa hipótese.
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