INCIDÊNCIA DE ÓBITOS POR DIARREIA INFANTIL EM SANTA CRUZ DO SUL NO PERÍODO DE 2006 A 2010

Vera Lucia Bodini, Bruna Dorfey, Luciane Mattos Pereira, Luiza Augustin Mueller, Thais Donaduzzi

Resumo


 

Existem inúmeras alterações do hábito intestinal, uma dela é a diarreia, definida como aumento do número de evacuações e alteração da consistência, apresentando-se de duas formas: aguda ou persistente. Diarreia aguda pode ter um quadro clínico leve com pouca repercussão sistêmica ou quadros mais graves, com febre, vômito e desidratação, podendo evoluir para óbito. Sua causa pode ser viral, bacteriana, parasitária, intolerância alimentar após uso de antibiótico, além de distúrbios psicogênicos. A resolução do quadro acontece em cerca de 14 dias e sua principal complicação nesse período é a desidratação (Ferreira, 2005). Já a diarreia persistente, trata-se de um quadro diarreico que ultrapassa 14 dias, iniciado por um episódio agudo de provável etiologia infecciosa. Nos quadros leves o estado geral do paciente não esta comprometido, sendo resolvido com tratamento ambulatorial e dieta adequada, porém, nos quadros graves pode ocorrer desidratação intensa, infecção extraintestinal, desnutrição e, inclusive, quadro de sepse, necessitando de maior observação durante o tratamento. Lactentes menores de 6 meses estão mais suscetíveis a quadros de diarreia crônica devido a imaturidade total do trato gastrointestinal. Segundo Andrade (2000), de 3% a 20% dos episódios de diarreia aguda em crianças menores de 5 anos transformam-se em diarreia persistente e esses quadros estão relacionados a cerca de 50% dos óbitos por diarreia. Com o objetivo de verificar a ocorrência de óbitos infantis por diarreia na cidade de Santa Cruz do Sul/RS, nas regiões onde a população conta com a assistência das Estratégias de Saúde da Família, desenvolveu-se um levantamento de dados. A amostra do estudo foi constituída de dados mensais retirados do Relatório de Produção e de Marcadores para Avaliação de três postos de saúde, do período de 2006 a 2010. Os itens analisados são o número de nascidos vivos, consultas de puericultura, quantidade de crianças em aleitamento exclusivo e misto e a quantidade de óbitos por diarreia em crianças menores de 1 ano. Estes dados periodicamente são repassados para a Secretaria da Saúde e enviados para o Ministério da Saúde para posterior disponibilização para população em geral no DATASUS e SIAB. Como resultado da pesquisa verificou-se que não ocorreu nenhum óbito infantil por diarreia no período. Assim, através da análise das informações colhidas e com conhecendo as possíveis causas relacionadas com óbitos por diarreia, podemos concluir que as medidas adotadas pelo nível de atenção primária no município estão sendo satisfatórias. Um dos principais pontos destacados é a cobertura de puericultura, importante no controle do crescimento e desenvolvimento de crianças, que pode ser um fator importante de controle desses óbitos. Além disso, a presença de aleitamento materno, também de extrema importância para o lactente conforme citado anteriormente. No entanto, é necessário que mais estudos sejam realizados nessa área, pois pode existir subnotificação de dados em relação ao motivo do óbito, ou seja, desnutrição e desidratação são prováveis consequências de diarreia por um longo período, fazendo com que o registro de óbito apresente essas causas. Por último, medidas em relação a conscientização do aleitamento materno, higiene e saneamento básico devem ser mantidas e aprimoradas constantemente, visando propiciar melhor qualidade de vida possível não só as crianças como a toda população da região.

 

 


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