O RASTREIO DO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL SEGUNDO O CRITÉRIO DA GLICEMIA DE JEJUM É EFICAZ ?

Clarice dos Santos Mottecy, Patrícia Molz, Raquel Montagner Rossi, Samantha Bernardo Nascimento, Thais de Oliveira Flores, Daniel Prá, Silvia Isabel Rech Franke

Resumo


Uma daspatologias mais frequentes observadas durante o período gravídico é o DiabetesMellitus (DM), ocorrendo em até 14,3% das gestações, segundo a população e oscritérios diagnósticos avaliados. Quando o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)não é identificado e tratado durante a gestação pode desencadear complicaçõestanto durante esse período como durante o parto. Quando não controlada, agestante com DMG pode desenvolver no futuro o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e,as crianças podem tornarem-se obesas ou diabéticas quando adultas. Apesar desterisco, até a presente data, não há consenso para a padronização mundial,referente aos critérios para melhorar o rastreio do DMG. No Brasil, segundo oMinistério da Saúde (MS), o rastreio deve ser universal, com avaliação dosfatores de risco por meio de anamnese e da solicitação da glicemia de jejum(GJ), na primeira consulta do pré-natal, preferencialmente no primeirotrimestre. Se negativa, GJ deve ser feita no segundo trimestre. Se positiva, umteste oral de tolerância à glicose (TOTG) deve ser solicitado imediatamente. Oponto de corte da glicemia normal na gestação de 85 mg/dL foi padronizado porum estudo multicêntrico brasileiro que utilizou os parâmetros da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) com uma sensibilidade de 94% e especificidade de 66%.Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia do rastreiode DMG, segundo a diretriz do MS, usando apenas o critério GJ, nas puérperas darede pública de saúde que realizaram seus partos no Hospital Universitário deSanta Maria (HUSM). Este foi um estudo transversal, no qual foram selecionadaspuérperas maiores de 18 anos que realizaram o pré-natal nas unidades de saúde epossuíam o cartão da gestante no momento da entrevista. Todas as puérperas assinaramo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta dos dados ocorreudurante o período de janeiro a abril de 2015 quando foi realizada umaentrevista, seguida pela análise do cartão das gestantes e, pela avaliação doprontuário das mesmas. Do total de 283 puérperas que aceitaram participar doestudo, 85,5% (n=242) realizaram uma GJ enquanto 14,5% (n=41) das puérperasestudadas não realizaram este teste. A GJ menor do que 85 mg/dL, rastreionegativo, foi observada em 74,8% das puérperas (n=181), enquanto que 25,2%(n=61) tiveram rastreio positivo. Das puérperas com rastreio negativo, pelocritério da GJ, apenas a metade (50,3%, n=91) realizou a continuação dainvestigação com uma segunda glicemia. Das mulheres com rastreio positivo quedeveriam evoluir na investigação realizando o TOTG, apenas 37,7% (n=23) ofizeram. Nesse grupo de puérperas, observou-se que o processo de triagem deDMG, por meio da realização da GJ, não foi executado de forma eficaz em 59,7%(n=169) das mulheres conforme preconiza o MS. Portanto, é necessário que seidentifique os fatores responsáveis pela ineficácia e promova-se asensibilização e capacitação da equipe de saúde que acompanha as grávidas narede básica para que melhore o rastreio e diagnóstico desta patologia, buscandoa prevenção da morbimortalidade gestacional e suas consequências futuras tantopara as mulheres como para os seus filhos.                         Palavras-chave: DiabetesMellitus Gestacional, rastreio do Diabetes Mellitus Gestacional, glicemia dejejum, puérperas

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