GERMINAÇÃO DE MYRRHINIUM ATROPURPUREUM SCHOTT (MYRTACEAE): ESPÉCIE COM POTENCIAL PARA USO FUTURO

LETÍCIA RODRIGUES VIEIRA, ELISETE MARIA DE FREITAS

Resumo


Myrrhinium atropurpureum Schott (família Myrtaceae) é uma arvoreta nativa do Rio Grande do Sul (RS) com ocorrência em todas as formações florestais, incluindo as matas ciliares da Bacia Hidrográfica do rio Taquari (RS). No entanto, é encontrada com pouca frequência, provavelmente por apresentar baixos percentuais de germinação. Suas flores, com pétalas carnosas e doces, constituem o principal recurso floral e atraem aves que realizam a polinização. Além da sua importância ecológica, apresenta potencial ornamental e medicinal. A avaliação do óleo essencial, extraído das folhas, indicou a presença de nove monoterpenos e oito sesquiterpenos e atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus e Bacillus cereus. Diante da importância da espécie, paralelo ao baixo percentual de germinação que apresenta, o estudo teve o objetivo de avaliar a influência do ácido giberélico (GA3) e da água na germinação de M. atropurpureum. Foram utilizadas 840 sementes coletadas de um indivíduo no município de Canudos do Vale, RS. As sementes foram imersas em água e em diferentes concentrações de GA3 [0 (controle), 0,1 mg L-1, 0,3 mg L-1, 0,6 mg L-1], em intervalos de uma, quatro e oito horas, constituindo 12 tratamentos (T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11 e T12) cada um com 70 sementes distribuídas em sete repetições. Após, foram semeadas no substrato Big Bio® e mantidas em casa de vegetação do Centro Universitário UNIVATES. A partir da primeira semente germinada, tendo como critério o aparecimento de primórdios foliares, a germinação foi acompanhada em intervalos de cinco dias, se estendendo por até 175 dias. Para cada tratamento foi determinado o percentual de germinação (PG) e o índice de velocidade de germinação (IVG). A germinação das sementes de M. atropurpureum iniciou 25 dias após a semeadura e se estendeu por até 175 dias. Houve maior número de germinações entre o 120° e o 160° dia, considerando todos os tratamentos. O tratamento constituído pela imersão em GA3 na concentração de 0,6 mg L-1 por 8 horas (T12) obteve maior PG (31,4%), seguido pelo tratamento controle (28,6%). Assim como constatado com a espécie nas restingas do município do Rio de Janeiro, houve baixo percentual de germinação, independente do tratamento utilizado. O tratamento com imersão em GA3 na concentração de 0,1 mg L-1 (T4) por uma hora apresentou maior IVG (0,13), seguido pelo tratamento com imersão em GA3 na concentração de 0,6 mg L-1 por 8 horas (T12) (0,04). Além da baixa taxa de germinação, o período de germinação foi muito longo em todos os tratamentos. Os resultados para ambas as variáveis avaliadas (PG e IVG) são contraditórios, pois tratamentos muito distintos (T12 e T1, por exemplo) apresentaram resultados semelhantes. O experimento comprovou baixos valores de porcentagem e velocidade de germinação para a espécie. A imersão em água e em ácido giberélico parece não influenciar na germinação, pois não foi possível definir um tratamento a ser adotado para aumentar estes índices. Diante disso e, considerando a importância da espécie, mais estudos precisam ser realizados no intuito de definir uma estratégia para aumentar os índices de germinação


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