LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA CILIAR NO MUNICÍPIO DE MUÇUM, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
Resumo
As matas ciliares são formações florestais de alta biodiversidade, fundamentais na proteção e manutenção dos cursos hídricos. Atuam na proteção das margens dos rios, transporte e geração de banco de sementes, além de servir como corredor para fauna silvestre. Extensas áreas de matas ciliares no Rio Grande do Sul (RS) foram convertidas em lavouras, áreas de pastejo de gado e zonas urbanas, gerando fragmentação e destruição destes sistemas. Diante disso, é imprescindível o conhecimento florístico e fitossociológico das áreas remanescentes para subsidiar futuros projetos de recuperação das áreas degradadas. O objetivo do estudo foi caracterizar a estrutura da comunidade arbórea de um trecho de mata ciliar preservada, localizada na margem direita do rio Taquari, no município de Muçum, Rio Grande do Sul, entre as coordenadas geográficas29°07.997222 - 29°08.018222 S e 051°50.329222 - 51°49.942222W. Foram estabelecidas 43 unidades amostrais (UA222s) de 100 m² a cada 20 metros, distribuídas ao longo de transectos paralelos ao leito do rio, distantes 10 metros entre si. Nas UA222s foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com circunferência à altura do peito (CAP) igual ou superior a 20 cm. Para cada uma das espécies amostradas foram calculados os parâmetros de densidade, frequência e dominância, absolutas e relativas, e o índice de valor de importância (IVI). A diversidade foi estimada pelo índice de Shannon (H222) e equabilidade de Pielou (J). Foram amostrados 650 indivíduos vivos pertencentes a 39 espécies e 21 famílias. Do total de espécies, três são consideradas exóticas (Hovenia dulcis Thunb., Morus nigra L. e Tecoma stans (L.) Juss.). Dentre as famílias, Myrtaceae e Fabaceae foram as de maior riqueza, seguidas por Euphorbiaceae. A densidade de indivíduos foi estimada em 1.509,3 ind.ha-1, sendo que Lonchocarpus nitidus (Vogel) Benth., Myrcia palustris DC. e Luehea divaricata Mart. & Zucc. apresentaram os maiores valores absolutos de densidade (288; 160 e 142 ind.ha-1, respectivamente) e também os maiores valores de IVI, porém em diferente classificação: L. divaricata (15,5) foi seguida por L. nitidus (13,5) e M. palustris (9,7). L. divaricata, apesar de estar representada por menor número de indivíduos em relação a L. nitidus, apresentou maior IVI em razão da área basal (4,666), que foi muito superior às demais espécies. Já Terminalia australis, representada por apenas 48 indivíduos distribuídos em 13 UA222s, ficou na quarta posição em relação ao IVI. Isso ocorreu porque muitos exemplares da espécie, localizados sempre nas UA222s mais próximas à margem do rio, apresentaram vários fustes, elevando o valor da dominância absoluta da espécie (5,88 m².ha-1). Os índices de diversidade foram 2,84 nats.ind.-1 (H222) e 0,77 (J), indicando que, apesar da ocorrência de espécies exóticas, apresenta significativa diversidade, cujos valores semelhantes a outros estudos de mata ciliar no RS.
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