FITOSSOCIOLOGIA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UM FRAGMENTO DE MATA CILIAR DO RIO TAQUARI EM ROCA SALES, LINHA BENTO GONÇALVES, RIO GRANDE DO SUL

GERSON LUIZ ELY JUNIOR, GABRIEL NICOLINE, MARELISE TEIXEIRA, ELISETE MARIA DE FREITAS

Resumo


As matas ciliares são formações vegetais associadas a corpos d´água com elevada diversidade de espécies e que exercem importante função na manutenção do equilíbrio ecológico. Quando removidas, provocam erosão das margens, perda da biodiversidade, redução da fertilidade do solo, alargamento e assoreamento dos leitos dos rios. Diante disso, a obtenção de dados fitossociológicos das comunidades vegetais se torna necessária para o estabelecimento de programas de manejo e recuperação dessas áreas quando degradadas. O presente estudo teve o objetivo de caracterizar a comunidade arbórea de um fragmento de mata ciliar, pertencente à Floresta Estacional Decidual Aluvial, localizado na margem esquerda do rio Taquari, município de Roca Sales, Linha Bento Gonçalves, nas coordenadas geográficas 29°14.344222S e 051°51.318222W. A amostragem do componente arbóreo foi realizada através do método de parcelas com dimensões de 10 m × 10 m, distribuídas a cada 20 m ao longo de transectos paralelos ao leito do rio, distantes 10 m entre si. Foram estabelecidas 56 parcelas, nas quais foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com circunferência do caule à altura do peito (CAP) igual ou superior a 20 cm. A altura total das árvores foi estimada visualmente. Para cada uma das espécies amostradas foram calculados os parâmetros de densidade, frequência e dominância, absolutas e relativas, e o índice de valor de importância (IVI). A diversidade foi estimada pelo índice de Shannon (H222) e a equabilidade pelo índice de Pielou (J). Foram amostrados 1007 indivíduos, pertencentes a 62 espécies e 28 famílias botânicas. Do total de espécies, cinco eram exóticas. A família de maior riqueza específica foi Fabaceae com nove espécies, seguida por Myrtaceae com oito e Lauraceae com 5240 espécies. A altura média estimada da vegetação foi de 8,41 m. A Densidade Absoluta foi estimada em 1739 ind.ha-1. Terminalia australis Cambess. e Luehea divaricata Mart. & Zucc. apresentaram os maiores valores de densidade (152 e 148 ind.ha-1, respectivamente). Ambas as espécies também apresentaram os maiores valores de IVI (6,80 e 11,7, respectivamente), seguidas por Morus nigra L.(6,12), espécie exótica, e por Ocotea puberula (Rich.) Nees (5,87). A diversidade florística estimada pelo índice de Shannon (H222) resultou em 3,37 nats.ind.-1 e a equabilidade de Pielou (J222) em 0,83. Quando comparados os dados obtidos com outras áreas de estudo de zonas ripárias do Rio Grande do Sul, verifica-se que esta apresentou alta diversidade, no entanto, foi diagnosticado um número considerável de espécies exóticas, o qual tem gerado certa preocupação. A presença de espécies exóticas, especialmente quando apresentam comportamento invasor, como é o caso de Morus nigra, coloca em risco a diversidade biológica dos ecossistemas, pois competem por luz, nutrientes e espaço. Tais resultados ressaltam a necessidade da implantação de medidas urgentes que visem à eliminação dessas espécies e a sua substituição por outras nativas, cuja presença tenha sido registrada nos respectivos fragmentos.


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