GERMINAÇÃO DE VASCONCELLEA QUERCIFOLIA A. ST.-HIL (CARICACEAE): ESPÉCIE COM POTENCIAL PARA USO FUTURO

CARLA ROBERTA ORLANDI, CLÁUDIA FERNANDA CARRARO LEMES, EDUARDO ÉRICO, ELISETE MARIA DE FREITAS

Resumo


Pertencente à família Caricaceae, a espécie Vasconcelleaquercifolia A.St-Hil., também conhecida como mamãozinho-do-mato, jacaratiá ou mamão-bravo, é nativa do Brasil, com registro nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. De hábito arbóreo, com até 10 metros de altura quando adulta, é frequente em margens de rios, capoeirões, bordas de matas e beiras de rodovias. Com potencial alimentício, a medula do caule e os frutos podem ser utilizados na fabricação de doces (conservas e rapaduras), entretanto, é pouco explorada comercialmente nos dias atuais e o seu consumo vem sendo esquecido. Além disso, há indícios de que o látex contenha papaína em grande quantidade, enzima que o Brasil importa e que é utilizada para amaciar carnes, na fabricação de queijos e na indústria farmacêutica. Com o intuito de resgatar a exploração sustentável da espécie e de viabilizar a sua utilização na geração de novos produtos, o estudo teve o objetivo de avaliar a eficiência da germinação de sementes de V.quercifolia em diferentes substratos com a imersão das sementes em diferentes concentrações do hormônio ácido giberélico (GA3). As sementes foram obtidas de frutos coletados de exemplares da espécie existentes nos municípios de Sério, Forquetinha e Canudos do Vale, Rio Grande do Sul. Quando retiradas dos frutos, as sementes foram mantidas em temperatura ambiente para a desidratação da polpa e então selecionadas para o plantio, seguindo um padrão de tamanho. Foram utilizados os substratos Terra Nobre®, Big Bio®, vermiculita e casca de arroz carbonizada. Para cada substrato, as sementes foram imersas em solução com diferentes concentrações de GA3(controle 226 sem imersão, com imersão somente em água; 1.000, 2.000 e 3.000gL-1) por um período de 12horas, totalizando 20 tratamentos com 48 sementes, distribuídas em 4 repetições. Após a semeadura, as sementes foram mantidas em estufas agrícolas com 60% de umidade e temperatura média de 27ºC. O acompanhamento da germinação foi realizado a cada dois dias a partir da primeira semente germinada e se estendeu por até 82 dias após a semeadura. O critério para considerar a semente germinada foi a emissão dos primórdios foliares. Para cada tratamento foram definidos o percentual de germinação (PG) e o índice de velocidade de germinação (IVG). O período com maior percentual de germinação foi entre os 14° e 22° dias. Os tratamentos constituídos pelo substrato Terra Nobre® com imersão somente em água e pelo substrato vermiculita com imersão em 3.000gL-1 de GA3 foram os que atingiram PG de 100%, seguidos pelo substrato Terra Nobre® com 1.000gL-1 (91%) e vermiculita com 1.000gL-1 (83%). O IVG foi maior nos tratamentos compostos pelo substrato vermiculita com imersão em 3.000gL-1 de GA3(IVG = 0,86) e Terra Nobre® com imersão em 1.000 gL-1 de GA3 (IVG= 0,70). O tratamento composto por vermiculita e imersão em 3.000gL-1de GA3240 obteve maior IVG e PG, entretanto, as plantas deste tratamento morreram, indicando que este substrato apresenta déficit em nutrientes. Os resultados indicam a necessidade de mais estudos sobre a germinação da espécie, especialmente com a mistura de vermiculita com outros substratos com maior potencial nutritivo, visando à manutenção e o crescimento adequado das mudas.


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