ACAROFAUNA ASSOCIADA A AVES POEDEIRAS DE AVICULTURA COMERCIAL, LAJEADO, RIO GRANDE DO SUL
Resumo
No início do século passado surgiram os primeiros incrementos na avicultura poedeira na tentativa de melhorar tecnologicamente a atividade ao incorporar a seleção genética de raças, automatização da alimentação e coleta de ovos e maior confinamento das aves em gaiolas. Existe uma grande riqueza de ácaros associados a galinhas poedeiras, sendo ectoparasitas, predadores e generalistas. Em escala mundial já existem estudos da aplicação de ácaros predadores para controle das infestações de ácaros hematófagos e das penas. Porém, no Brasil, pouco se conhece sobre espécies de predadores naturais com potencial para serem utilizadas no controle biológico de ácaros. Este estudo teve como objetivo conhecer a diversidade da acarofauna associada a aves de postura em uma granja no município de Lajeado-RS. Foram avaliados seis aviários, sendo três automatizados, dois semiautomatizados e um com aves denominadas caipiras (mantidas livres). As avaliações foram realizadas quinzenalmente no período de agosto/2013 a julho/2014. Foram utilizados dois métodos de avaliação: no primeiro método 16 armadilhas de tubos de PVC (Policloreto de vinila) perfurado e com papel toalha no interior foram distribuídas ao longo do comprimento dos aviários; no segundo método foram coletadas penas em dez aves/aviário, sendo cinco no lado esquerdo e cinco no lado direito das gaiolas. Todo o material coletado foi triado em microscópio estereoscópico e os ácaros encontrados foram montados em lâminas de microscopia em meio de Hoyer. Nas armadilhas foram observados 2.757 espécimes de 26 espécies pertencentes a 15 famílias: Acaridae, Analgidae, Blattisocidae, Cheyletidae, Cunaxidae, Macrochelidae, Melicharidae, Phytoseiidae, Pyroglyphidae, Raphignathidae, Stigmaeidae, Tarsonemidae, Tenuipalpidae, Tetranychidae e Tydeidae. Nas penas foram coletados 11.918 espécimes de 14 espécies pertencentes a sete famílias: Acaridae, Analgidae, Blattisocidae, Cheyletidae, Macrochelidae, Melicharidae e Tetranychidae. A espécie mais abundante encontrada nas penas foi Megninia ginglymura (11.888 espécimes) enquanto que nas armadilhas foi Cheyletus malaccencis (969 espécimes). Maior riqueza foi observada no aviário semiautomatizado, com 20 espécies, o qual não houve aplicação de pesticidas. O modelo automatizado teve menor riqueza, com cinco espécies apenas. A espécie mais abundante e comum a todos os aviários foi Megninia ginglymura, encontrada principalmente nas penas. As seguintes espécies de ácaros predadores foram identificadas com potencial para o controle de ácaros ectoparasitas: Blattisocius dentriticus, Blattisocius keegani, Cheyletus eruditus, Cheyletus malaccensis, Chelacheles bipanus, Hemicheyletia wells, Typhlodromalus transvaalensis e ácaros da família Cunaxidae. Destacaram-se entre os generalistas Pyroglyphus sp1, em todos os aviários. Conclui-se que a espécie mais abundante nas penas é Megninia ginglymura, enquanto que nas armadilhas, é a Cheyletus malaccencis. Há evidência de que a não aplicação de pesticidas favoreça o aumento da riqueza de espécies.
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