VIVÊNCIAS DE TRABALHADORES DE SAÚDE RELATIVAS AO PROCESSO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE

BIBIANA ROCHA BRUM, ANA ZOÉ SHILLING DA CUNHA, DAIANE RAQUEL KIST, MARISTELA SOARES REZENDE, LENI DIAS WEIGELT, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


A Educação Permanente em Saúde (EPS) parte do pressuposto de que a aprendizagem é dinâmica e modifica comportamentos, sendo de grande importância o sujeito, o objeto a ser aprendido e o conhecimento que é resultado entre o objeto e o sujeito. Este trabalho objetiva enfatizar vivências e compreensões de trabalhadores de saúde em relação ao processo de Educação Permanente em Saúde. Para isso, foi realizado estudo qualitativo, do tipo estudo de caso, desenvolvido nos 13 municípios de abrangência da 13ª Coordenadoria Regional de saúde (CRS)/RS. A partir das informações enviadas pelos municípios acerca do conjunto de seus trabalhadores de saúde, constitui-se a amostragem de sujeitos, do tipo intencional, efetuando-se a escolha aleatória de um representante de cada município. A coleta de dados utilizou a técnica de grupo focal, em que se obtêm informações através da interação entre os sujeitos em um pequeno grupo. No primeiro encontro estiveram presentes dez sujeitos e, no segundo encontro, oito sujeitos, além de um moderador e um observador. Os dados foram gravados, transcritos na íntegra de forma literal e editados para posterior análise à luz da Análise de Conteúdo. A grande maioria dos sujeitos, dadas as suas experiências, entendem o processo de EPS como a oferta de cursos e capacitações e percebem que os municípios compreendem-na como instâncias de aprovação de projetos e liberação de financiamento para o desenvolvimento de ações nesse campo. Poucos sujeitos a referiram como estratégia para articular os diversos atores da área da saúde e promover transformações nas práticas de trabalho. Os trabalhadores apontaram algumas dificuldades nesse processo, como a quantidade insuficiente de trabalhadores para suprir os que se ausentam para as capacitações e os escassos recursos financeiros destinados a essas atividades, o que acaba, em algumas situações, mobilizando o trabalhador e seus próprios recursos para essa possibilidade. A maioria dos sujeitos referiu que a oferta dessas capacitações é disponibilizada pelas Secretarias Municipais de Saúde, e, em menor escala, pela Coordenadoria Regional de Saúde e outras instituições, como a universidade. Os trabalhadores reconhecem que os temas das capacitações ofertadas atendem prioritariamente suas áreas de formação/atuação, enfocando a qualificação técnica para o trabalho. As mesmas constituem-se em meios de instrumentalização profissional, facilitando o alcance dos objetivos do trabalho, sendo adequadas às suas necessidades e a dos serviços. Os sujeitos opinaram também sobre a adequação dos temas discutidos às suas necessidades de trabalho, entendendo que estes contribuem para o atendimento de suas necessidades no trabalho. Verificou-se, portanto, que o processo de EPS está relacionado ao saber instrumental específico, muito presente nos procedimentos técnicos, implicados no fazer correto ao executar tarefas. Porém, esta instrumentalização não é suficiente para impulsionar mudanças ou transformações nas realidades do trabalho em saúde de acordo com o preconizado pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde.


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