ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS BOTÂNICOS FRENTE À BACTÉRIA LISTERIA SPP. E SUA INTERAÇÃO COM ANTIBIÓTICOS

EDUARDO SOARES, LISIANNE BRITTES BENITEZ

Resumo


A listeriose é uma grave infecção de origem alimentar causada por Listéria monocytogenes e sua ocorrência em humanos está relacionada a altas taxas de mortalidade. Este microorganismo acomete principalmente mulheres grávidas, récem-nascidos e idosos. O objetivo deste estudo foi testar a atividade antibacteriana do extrato aquoso de erva-de-passarinho (Tripodanthus acutifolius) e dos extratos etanólicos de sálvia (Salvia officinalis L.), gengibre (Zingiber officinale Roscoe), orégano (Origanum vulgare L.), alecrim (Rosmarinus officinalis L.), hortelã (Mentha x piperita L.) e cravo-da-índia (Caryophyllus aromaticus L.) frente a duas cepas de Listeria spp isoladas de alimentos e a cepa padrão ATCC 7644 de Listeria monocytogenes, bem como determinar a Concentração Inibitória mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) dos extratos, avaliar a toxicidade do Dimetil sulfóxido (DMSO) frente às bactérias-teste, avaliar a interação dos extratos com antibióticos comerciais e comparar as médias dos halos de inibição entre as diferentes concentrações do extrato em combinação com os antibióticos. A atividade antibacteriana dos extratos foi determinada pelo método de disco-difusão em meio sólido. Já a Concentração Inibitória Mínima foi determinada pela técnica de microdiluição em placas e pelo método de disco-difusão. Para avaliar a interferência dos extratos vegetais sobre o efeito dos antibióticos, foi utilizada a técnica de difusão em meio sólido. Os antibióticos foram testados previamente de maneria isolada através do método de Kirby-Bauer. Posteriormente, os discos dos antibióticos foram embebidos com 10 µL do extrato e, em seguida, colocados em placas de Petri contendo ágar Muller Hinton inoculado com as suspensões bacterianas padronizadas. Após incubação, os halos de inibição foram medidos e verificou-se a interferência do extrato sobre o efeito dos antibióticos frente às cepas-teste. Dentre os sete extratos avaliados, apenas o extrato etanólico de orégano demonstrou atividade frente a todas bactérias testadas, com CIM pelo método de disco-difusão de 50 mg/mL para todas as cepas. Já a CIM pela técnica de microdiluição em placas foi de 6,25 mg/mL para a cepa padrão de L. monocytogenes e de 50 mg/mL para as demais, porém a CBM para todas as cepas-teste foi de 66,67mg/mL. O teste de toxicidade do DMSO demonstrou que concentrações acima de 12,5% possuem ação tóxica para L. monocytogenes. Nas interações do extrato com antibióticos, dentre todas as combinações analisadas houve 30,55% de antagonismo, 5,57% de sinergismo e para 63,88% das combinações não houve alteração na ação do antibiótico. Houve sinergismo apenas com a tetraciclina, uma droga inibidora da síntese proteica. Analisando as médias entre as diferentes concentrações do extrato combinadas com os antibióticos frente às cepas testadas, pode-se observar que o aumento das interações de sinergismo ou antagonismo não é proporcional ao aumento da concentração do extrato. Devido à porcentagem de antagonismo nas interações entre extrato e fármacos, chama-se a atenção para a população que faz uso concomitante de plantas medicinais e medicamentos, pois pode ocorrer interferência na terapia. É possivel inferir que o extrato de orégano é um bom preservativo natural e poderia ser usado como um método adicional no controle de bactérias do gênero Listeria.


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