AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA MACRÓFITA HYMENACHNE GRUMOSA COMO ORGANISMO TESTE, EM DOIS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES, ATRAVÉS DE ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS.
Resumo
A fitorremediação é definida como sendo o uso de sistemas vegetais e sua microbiota com a finalidade de remover, capturar ou degradar substâncias tóxicas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da macrófita Hymenachne grumosa como organismo teste para remoção de poluentes através de ensaios de toxicidade aguda de duas estações experimentais: processo amostral (PA1) proveniente da estação de tratamento de esgoto (ETE UNISC), onde foi instalado o sistema experimental com Wetlands construídos (WC222s), entre os meses de abril e setembro de 2010, e o processo amostral (PA2) de um sistema de captação e tratamento de água em uma pequena propriedade rural localizada no município de Vera Cruz-RS, entre os meses de setembro de 2013 e fevereiro de 2014, utilizando a espécie Daphnia magna Straus como organismo-teste. Os processos empregados consistem em tratamento primário (Reatores Anaeróbios) e tratamento secundário/terciário (Wetlands construídos) nos dois processos amostrais. Foram coletadas do PA1 35 amostras de cinco fases distintas (Pós reator UASB - P1, Saída wetlands 1 - P2, Saída wetlands 2 - P3, Saída do Wetlands 3 - P4 e Saída do Wetlands 4 - P5). Para o PA2 foram coletadas 23 amostras de quatro fases distintas (Pós reator UASB - P1, Saída wetlands 1 - P2, Saída wetlands 2 - P3, Saída do Wetlands3 - P4). Em cada uma das amostras, realizaram-se testes ecotoxicológicos com a espécie D. magna, baseado na mortalidade e/ou imobilidade dos organismos testados, calculando-se a CE (I)50% 48h - Concentração Efetiva Inicial Mediana, concentração da amostra no início do ensaio que causa efeito agudo a 50% dos organismos em 48h. Os resultados para o PA1 indicaram que o efluente bruto P1 apresentou uma CE (I)50% 48h de 51,3 ± 17,2% (CV = 33.8%), correspondendo a uma amostra medianamente tóxica. No ponto P2, P3, P4 e P5 as amostras apresentaram uma CE (I)50% 48h de 97,4% ± 6,8% (CV = 7%), 90,1% ± 13,5% (CV = 15%), 90,6% ± 16,0% (CV = 17,7%) e 82,1% ± 16,5% (CV = 20%), correspondendo a amostras pouco tóxicas. Para o PA2, os resultados indicaram que o efluente bruto P1 apresentou uma CE (I)50% 48h de 8,1 ± 2,6% (CV = 32%), correspondendo a uma amostra extremamente tóxica. No ponto P2 as amostras apresentaram uma CE (I)50% 48h de 38,0% ± 11,6% (CV = 11,6%), correspondendo a efluentes altamente tóxicos. As amostras do P3 apresentaram uma CE (I)50% 48h média de 86,6% ± 20,7% (CV = 23,7%), correspondendo à um efluente pouco tóxico. Entretanto, no P4 os efluentes não apresentaram toxicidade. Do ponto de vista da ecotoxicologia, os resultados indicaram que os efluentes do PA1 e PA2, após a saída do reator UASB (P1), ficaram na faixa de medianamente tóxico e extremamente tóxico, respectivamente. No PA1, após passar pelos Wetlands construídos P2, P3, P4 e P5, observou-se que não ocorreu a total detoxificação do efluente, ficando na faixa de pouco tóxico. No PA2, após passar pela primeira sequência dos Wetlands construídos, observou-se que no P2 não ocorreu a total detoxificação do efluente, ficando na faixa de altamente tóxico. Entretanto, quando este efluente foi direcionado ao ponto P3, passou para a faixa de pouco tóxica, e, no P4, ocorreu a completa detoxificação. Desta forma, os resultados obtidos no PA1 e PA2 sugerem que a utilização da macrófita H. grumosa como componente principal nos WC222s foi altamente significativa, representando uma alternativa promissora para a remoção de toxicidade de efluentes domésticos.
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