AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS NASCENTES DO ARROIO ANDREAS, RS, BRASIL, ATRAVÉS DO ENSAIO COMETA UTILIZANDO DAPHNIA MAGNA (STRAUS, 1820) COMO ORGANISMO BIOINDICADOR

DAIANE CRISTINA DE MOURA, GEANI MOHR, LEONI GLACI STEIL, ALEXANDRE RIEGER, EDUARDO ALEXIS LOBO ALCAYAGA

Resumo


De forma geral, a avaliação da qualidade da água deve obedecer a critérios estabelecidos na legislação, mas também deve ser contemplada com a utilização de novas metodologias, como a utilização dos ensaios de ecotoxicidade e genotoxicidade. Daphnia magna é um microcrustáceo muito utilizado como organismo-teste para avaliar xenobiontes nos cursos de água, destacando o Ensaio Cometa (EC), que permite avaliar danos no DNA passíveis de reparo e que não alteram a vitalidade e viabilidade do organismo-teste, podendo ser uma importante ferramenta complementar para avaliar a qualidade da água. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a qualidade da água de nascentes do arroio Andreas-RS através do Ensaio Cometa, utilizando D. magna como organismo-teste. Ao todo foram avaliados 20 pontos de nascentes do arroio Andreas, nos meses de dezembro de 2013 e março de 2014, localizados em pequenas propriedades rurais, onde foram coletadas amostras de água. Parâmetros físico-químicos e microbiológicos foram analisados visando a avaliar a qualidade da água segundo a resolução nº 357/2005 do CONAMA. Para a realização do EC, neonatos foram cultivados conforme a norma técnica brasileira NBR-12713, submetidos ao teste de exposição aguda com 20 indivíduos por amostra. Após a exposição, lâminas pré-coberturas foram submetidas à solução de lise por 1 hora e, posteriormente, à eletroforese (0,7 V/cm; 300 mA) por 20 min em tampão alcalino (pH > 12). Todos os testes foram realizados em quintuplicata. As lâminas foram, então, coradas com nitrato de prata e analisadas em microscopia óptica, contando-se 100 nucleóides por lâmina, totalizando 500 nucleóides por amostra. A frequência de dano (FD) e o Índice de dano (ID) foram calculados e comparados a um controle negativo de água reconstituída. A análise estatística foi realizada utilizando a prova estatística não paramétrica de Kruskall-Wallis, com240α = 0.05. Os resultados indicaram que na coleta de Dezembro de 2013, 20% dos pontos de coleta apresentaram genotoxicidade, sendo os pontos P3, P5, P10 e P14, tanto para FD como ID. Já na coleta de Março de 2014, 45% dos pontos de coleta apresentaram genotoxicidade, sendo os pontos P3, P13, P17, P18, P19 e P20, tanto para FD como ID. Além disso, os pontos P4, P11 e P14 apresentaram genotoxicidade exclusiva para ID. Do ponto de vista da qualidade físico-química e microbiológica da água, verificou-se que em ambas as épocas do ano, 46,2% dos pontos de coleta foram enquadradas nas Classes de uso do CONAMA 3 e 4, que correspondem a pontos críticos por apresentar uma qualidade da água fora dos padrões desejados, enquanto que 53.8% foram enquadrados nas Classes de uso do CONAMA 1 e 2. Contudo, a genotoxicidade observada não se associa às variáveis que foram determinantes para a qualidade da água verificada (demanda bioquímica de oxigênio, oxigênio dissolvido, fósforo, turbidez, nitrato e coliformes termotolerantes), uma vez que não constituem um fator genotóxico. Entretanto, há uma alta probabilidade de que outros parâmetros estejam associados com o aumento da genotoxicidade, particularmente agrotóxicos juntamente com o excesso de fertilizantes e insumos agrícolas utilizados em lavouras. Ressalta-se, ainda, que a utilização do EC com D. magna pode ser uma importante ferramenta para complementar as análises físico-químicas e microbiológicas na avaliação da qualidade da água, uma vez que detecta alterações mesmo em águas consideradas como de boa qualidade.


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