COTIDIANO DE TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: UM ESTUDO NOS MUNICÍPIOS DA 13ª COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE

AMANDA CORREA DOS SANTOS, ARI NUNES ASSUNCAO, LENI DIAS WEIGELT, LUCIELE SEHNEM, LUCIANE MARIA SCHMIDT ALVES, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


A Estratégia de Saúde da Família (ESF) tem a premissa de reordenar o setor da saúde a partir da atenção primária, proporcionando atenção contínua à saúde mediante o trabalho de uma equipe multiprofissional.240 Entre os profissionais dessa equipe está o Agente Comunitário de Saúde (ACS), que desenvolve ações de integração entre a equipe e a comunidade, ações educativas individuais e coletivas, acompanhamento das famílias e atividades de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e de vigilância à saúde. Neste sentido, este estudo objetivou investigar o processo de trabalho do ACS no que se refere às suas praticas cotidianas. Trata-se de parte dos resultados da pesquisa intitulada O cotidiano e as perspectivas profissionais dos Agentes Comunitários de Saúde da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS), da Universidade de Santa Cruz do Sul, e aprovada no Comitê de Ética sob protocolo nº 3049/11. O estudo exploratório-descritivo, do tipo quantitativo, teve como sujeitos 113 ACS das ESFs de 12 dos municípios da área de abrangência da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde. A coleta de dados foi realizada seguindo um questionário e, posteriormente, os dados foram analisados com o auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows, versão 20.0. Verificou-se que os agentes são, em sua maioria, do sexo feminino (92,1%), com idades que variam de 18 a 29 anos (40,8%) e de 30 a 41 anos (39,6%), sendo que o tempo médio de atuação no serviço é de 1 a 3 anos (35,4%). Em relação às visitas domiciliares, 48,7% dos agentes realiza de 5 a 8 visitas diárias, nos períodos da manhã e tarde (44,2%) ou apenas pela tarde (29,2%); deslocam-se a pé (42,5%), de moto (32,7%) ou de bicicleta (11,4%) e recebem equipamentos de proteção individual (57,3%) como o protetor solar (93,6%). Quanto à organização das atividades de seu trabalho, 81,4% dos entrevistados relata que há uma organização prévia, na qual os próprios ACS definem suas tarefas (55,8%). A rotina de trabalho é vista como 223pouco cansativa224 pela grande maioria dos entrevistados (35,4%), 223cansativa224 por 28,7% e 223não cansativa224 por 28%. Sabe-se que o bom relacionamento entre ACS, equipe e comunidade é fundamental para a consolidação do sistema de saúde, com base na relação de proximidade entre as famílias e os profissionais. Este vínculo foi pontuado como 223bom224 com a equipe (54,3%), 223muito bom224 com o enfermeiro (53%), 223bom224 com o usuário (56,1%) e 223bom224 com o gestor/secretário de saúde (45,1%). Os resultados do estudo mostraram que o vínculo que se estabelece a partir da atividade laboral do ACS dos municípios estudados deriva de um constante investimento nas relações de confiança entre profissional e usuário, o que ocorre por intermédio de suas condições de trabalho, da organização efetiva das atividades de trabalho e das visitas domiciliares, que proporcionam o conhecimento das famílias, além de constituir um espaço que possibilita a promoção e a educação em saúde. Conhecer o cotidiano de trabalho do ACS permite aos gestores avaliar os serviços de saúde dos municípios, bem como aprimorar a assistência a saúde, beneficiando os trabalhadores e usuários do sistema.240


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