PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

BRUNO DITTBERNER DUTRA, ARI NUNES ASSUNCAO, LENI DIAS WEIGELT, LUCIELE SEHNEM, LUCIANE MARIA SCHMIDT ALVES, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) vivenciam, diariamente, em sua atividade laboral, situações causadoras de prazer e sofrimento, devido ao contato constante com a população, envolvimento com as famílias, entrada nos domicílios, conhecimento das demandas e impossibilidade de ações mais efetivas no setor de saúde. Neste estudo, objetivou-se identificar e analisar aspectos que, quando presentes na atividade laboral dos Agentes Comunitários de Saúde, podem ser fatores geradores de prazer e/ou sofrimento no trabalho. O estudo do tipo exploratório-descritivo, quantitativo, trata-se de um recorte dos resultados parciais da pesquisa, em andamento, Sofrimento no trabalho de Agentes Comunitários de Saúde: um estudo nos municípios da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde 226 RS, desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS), da Universidade de Santa Cruz do Sul, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC - CAAE: 31634314.1.0000.5343. Os sujeitos do estudo foram 47 ACS de nove equipes de Estratégias de Saúde da Família (ESF) de cinco municípios circunscritos pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde - RS. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o formulário Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento (ITRA), validado em estudos de Mendes e Ferreira, composto por quatro dimensões. Para este estudo, utilizou-se a terceira dimensão denominada Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST). Trata-se de uma escala de frequência do tipo likert de 7 pontos, com variação de 0 a 6, com o objetivo de avaliar a ocorrência das vivências de prazer e sofrimento no trabalho nos últimos seis meses. Divide-se em quatro fatores, sendo dois para avaliar o prazer 226 Realização Profissional e240Liberdade de Expressão, e dois para estimar o sofrimento 226 Esgotamento Emocional e Falta de Reconhecimento. Para a análise dos indicadores de prazer no trabalho, os resultados das médias devem ser graduados em três níveis: acima de 4,0 = avaliação mais positiva, satisfatório; Entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; Abaixo de 2,0 = avaliação para raramente, grave. Para a análise dos indicadores de sofrimento no trabalho, considerando que os itens são negativos, considera-se: acima de 4,0 = avaliação mais negativa, grave; entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; abaixo de 2,0 = avaliação menos negativa, satisfatório. Os dados gerados foram organizados e analisados por meio da planilha eletrônica Microsoft Excel 2010, onde calculou-se as médias. Os resultados apontaram uma média de 4,03 no fator Realização Profissional, evidenciando uma vivência de gratificação, orgulho e identificação com o trabalho de maneira positiva e satisfatória; no fator Liberdade de Expressão, obteve-se a média 4,7, o que indica avaliação positiva e satisfatória quanto à liberdade para pensar, organizar e falar sobre o trabalho. Já nos fatores Esgotamento Profissional e Falta de Reconhecimento obteve-se as médias 3,18 e 2,5, respectivamente, as quais evidenciaram de forma moderada a critica a vivência de frustração, insegurança, desgaste e estresse no trabalho, e vivência de injustiça e desvalorização pelo não reconhecimento do trabalho, respectivamente. Deste modo, o estudo demonstrou que os ACSs sentem-se realizados com o seu trabalho e possuem liberdade em expor opiniões a respeito de suas atividades, mas, por outro lado, sentem-se frustrados, inseguros e desvalorizados pelo não reconhecimento de seu trabalho.


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