PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Resumo
Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) vivenciam, diariamente, em sua atividade laboral, situações causadoras de prazer e sofrimento, devido ao contato constante com a população, envolvimento com as famílias, entrada nos domicílios, conhecimento das demandas e impossibilidade de ações mais efetivas no setor de saúde. Neste estudo, objetivou-se identificar e analisar aspectos que, quando presentes na atividade laboral dos Agentes Comunitários de Saúde, podem ser fatores geradores de prazer e/ou sofrimento no trabalho. O estudo do tipo exploratório-descritivo, quantitativo, trata-se de um recorte dos resultados parciais da pesquisa, em andamento, Sofrimento no trabalho de Agentes Comunitários de Saúde: um estudo nos municípios da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde 226 RS, desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS), da Universidade de Santa Cruz do Sul, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC - CAAE: 31634314.1.0000.5343. Os sujeitos do estudo foram 47 ACS de nove equipes de Estratégias de Saúde da Família (ESF) de cinco municípios circunscritos pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde - RS. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o formulário Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento (ITRA), validado em estudos de Mendes e Ferreira, composto por quatro dimensões. Para este estudo, utilizou-se a terceira dimensão denominada Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST). Trata-se de uma escala de frequência do tipo likert de 7 pontos, com variação de 0 a 6, com o objetivo de avaliar a ocorrência das vivências de prazer e sofrimento no trabalho nos últimos seis meses. Divide-se em quatro fatores, sendo dois para avaliar o prazer 226 Realização Profissional e240Liberdade de Expressão, e dois para estimar o sofrimento 226 Esgotamento Emocional e Falta de Reconhecimento. Para a análise dos indicadores de prazer no trabalho, os resultados das médias devem ser graduados em três níveis: acima de 4,0 = avaliação mais positiva, satisfatório; Entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; Abaixo de 2,0 = avaliação para raramente, grave. Para a análise dos indicadores de sofrimento no trabalho, considerando que os itens são negativos, considera-se: acima de 4,0 = avaliação mais negativa, grave; entre 3,9 e 2,1 = avaliação moderada, crítico; abaixo de 2,0 = avaliação menos negativa, satisfatório. Os dados gerados foram organizados e analisados por meio da planilha eletrônica Microsoft Excel 2010, onde calculou-se as médias. Os resultados apontaram uma média de 4,03 no fator Realização Profissional, evidenciando uma vivência de gratificação, orgulho e identificação com o trabalho de maneira positiva e satisfatória; no fator Liberdade de Expressão, obteve-se a média 4,7, o que indica avaliação positiva e satisfatória quanto à liberdade para pensar, organizar e falar sobre o trabalho. Já nos fatores Esgotamento Profissional e Falta de Reconhecimento obteve-se as médias 3,18 e 2,5, respectivamente, as quais evidenciaram de forma moderada a critica a vivência de frustração, insegurança, desgaste e estresse no trabalho, e vivência de injustiça e desvalorização pelo não reconhecimento do trabalho, respectivamente. Deste modo, o estudo demonstrou que os ACSs sentem-se realizados com o seu trabalho e possuem liberdade em expor opiniões a respeito de suas atividades, mas, por outro lado, sentem-se frustrados, inseguros e desvalorizados pelo não reconhecimento de seu trabalho.
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