CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS DE TUBERCULOSE DE UM PRESÍDIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

MARIA ANGELICA PUNTEL, ANA CRISTINA WEBER BAVARESCO, ANA JULIA REIS, MAITE DA SILVA LIMA, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM, LIA GONCALVES POSSUELO

Resumo


A Tuberculose (TB) em presídios vem se mostrando um problema de saúde pública de grande magnitude. Diversos fatores como superlotação, condições precárias de higiene, ventilação e iluminação solar deficiente nas celas, bem como falta de recursos humanos suficientes, facilitam a disseminação da doença e dificultam a adoção de medidas de controle como a detecção precoce e tratamento correto de apenados com doença ativa. Apesar da TB em prisões estar recebendo uma atenção diferenciada nos últimos anos, continua apresentando elevadas prevalências quando comparadas com a população geral. Objetivou-se avaliar as características socioepidemiológicas de indivíduos com diagnóstico de TB e em acompanhamento no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul (PRSCS). Realizou-se um estudo do tipo transversal, prospectivo e quantitativo com a população privada de liberdade (PPL) que realizavam tratamento para TB no PRSCS durante os meses de novembro a dezembro de 2013. Através de um questionário, foram coletadas informações epidemiológicas e referentes à trajetória do indivíduo desde o aparecimento dos primeiros sintomas até o diagnóstico da doença. Posteriormente, foram avaliados os prontuários destes indivíduos na unidade prisional. As análises foram realizadas utilizando programa SPSS 20.0 e foram utilizados valores absolutos e percentuais para as análises descritivas, sendo as médias comparadas utilizando t student. No período do estudo, estavam na instituição 493 apenados, entre estes, 9 indivíduos em tratamento para TB, representando uma prevalência de 1.825 casos por 100.000 habitantes. Todos eram do sexo masculino, com idades entre 22 e 44 anos, 44,4% eram pardos e 55,5% tinham ensino fundamental incompleto. Além disso, foi identificado que 66,6% não recebiam nenhum tipo de benefício do governo, que todos estavam em celas com mais de 6 pessoas, que 88,9% não possuíam comorbidades e 55,5% eram fumantes. Todos os casos foram diagnosticados dentro da penitenciária pela equipe de saúde prisional, sendo que procuraram atendimento devido ao aparecimento dos sintomas de 1 a 3 vezes até que o diagnóstico correto da doença fosse realizado. Enquanto as taxas de TB na população geral são de 35,4 casos a cada 100 mil habitantes, na população prisional de Santa Cruz do Sul encontram-se taxas 51,7 vezes maiores, o que demostra a fragilidade na incorporação de ações de controle da TB neste tipo de ambiente e a dificuldade de entender os sinais e sintomas relatados pelo doente no primeiro contato com o serviço de saúde disponibilizado no PRSCS. Desta forma, espera-se contribuir com informações para que os gestores e profissionais de saúde proponham ações para o controle de TB, principalmente no diagnóstico precoce da doença no sistema prisional.


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