CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS DE TUBERCULOSE DE UM PRESÍDIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
A Tuberculose (TB) em presídios vem se mostrando um problema de saúde pública de grande magnitude. Diversos fatores como superlotação, condições precárias de higiene, ventilação e iluminação solar deficiente nas celas, bem como falta de recursos humanos suficientes, facilitam a disseminação da doença e dificultam a adoção de medidas de controle como a detecção precoce e tratamento correto de apenados com doença ativa. Apesar da TB em prisões estar recebendo uma atenção diferenciada nos últimos anos, continua apresentando elevadas prevalências quando comparadas com a população geral. Objetivou-se avaliar as características socioepidemiológicas de indivíduos com diagnóstico de TB e em acompanhamento no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul (PRSCS). Realizou-se um estudo do tipo transversal, prospectivo e quantitativo com a população privada de liberdade (PPL) que realizavam tratamento para TB no PRSCS durante os meses de novembro a dezembro de 2013. Através de um questionário, foram coletadas informações epidemiológicas e referentes à trajetória do indivíduo desde o aparecimento dos primeiros sintomas até o diagnóstico da doença. Posteriormente, foram avaliados os prontuários destes indivíduos na unidade prisional. As análises foram realizadas utilizando programa SPSS 20.0 e foram utilizados valores absolutos e percentuais para as análises descritivas, sendo as médias comparadas utilizando t student. No período do estudo, estavam na instituição 493 apenados, entre estes, 9 indivíduos em tratamento para TB, representando uma prevalência de 1.825 casos por 100.000 habitantes. Todos eram do sexo masculino, com idades entre 22 e 44 anos, 44,4% eram pardos e 55,5% tinham ensino fundamental incompleto. Além disso, foi identificado que 66,6% não recebiam nenhum tipo de benefício do governo, que todos estavam em celas com mais de 6 pessoas, que 88,9% não possuíam comorbidades e 55,5% eram fumantes. Todos os casos foram diagnosticados dentro da penitenciária pela equipe de saúde prisional, sendo que procuraram atendimento devido ao aparecimento dos sintomas de 1 a 3 vezes até que o diagnóstico correto da doença fosse realizado. Enquanto as taxas de TB na população geral são de 35,4 casos a cada 100 mil habitantes, na população prisional de Santa Cruz do Sul encontram-se taxas 51,7 vezes maiores, o que demostra a fragilidade na incorporação de ações de controle da TB neste tipo de ambiente e a dificuldade de entender os sinais e sintomas relatados pelo doente no primeiro contato com o serviço de saúde disponibilizado no PRSCS. Desta forma, espera-se contribuir com informações para que os gestores e profissionais de saúde proponham ações para o controle de TB, principalmente no diagnóstico precoce da doença no sistema prisional.
Apontamentos
- Não há apontamentos.