SUCESSÃO VEGETAL EM ÁREA DE MATA CILIAR DEGRADADA NA MARGEM DO RIO TAQUARI, ENCANTADO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.

PATRÍCIA AMPOL, LETÍCIA RODRIGUES VIEIRA, ELISETE MARIA DE FREITAS, EDUARDO ÉRICO

Resumo


As Matas ciliares correspondem a toda formação vegetal existente em torno de cursos d222água como rios, córregos e lagos, tendo como função a proteção destes ecossistemas, a prevenção da erosão do solo, redução da contaminação da água e proteção da biodiversidade. A extração de grande parte da vegetação nativa presente nas margens de rios para utilização dessas áreas como lazer, criação de gado, cultivo agrícola e expansão urbana tem sido responsável pela intensa degradação das margens de rios, causando alargamento do seu leito, assoreamento e perda de grande quantidade de solo. Apesar da degradação, quando abandonadas, a vegetação inicia um processo de sucessão ecológica com espécies pioneiras. O presente estudo teve como objetivo, conhecer a estrutura da comunidade vegetal de uma área de mata ciliar degradada, em que a vegetação encontra-se em sucessão vegetal. A área de estudo está situada na margem direita do rio Taquari, no município de Encantado, Rio Grande do Sul, nas coordenadas 29º16'71.2"S e 51º52'13.7"W, inserida na Floresta Estacional Decidual do Bioma Mata Atlântica. O local estudado era utilizado para pastejo do gado, dificultando o processo de regeneração da cobertura vegetal. O levantamento fitossociológico foi realizado através da distribuição de 93 unidades amostrais (UAs), de 1,0 m² a cada cinco metros, ao longo de seis transectos paralelos à margem do rio e distantes 3,0 metros entre si. Dentro das UAs foi obtida, por estimativa visual, a superfície ocupada pela projeção horizontal da parte aérea de cada espécie, do solo exposto e do material morto. Os dados obtidos foram usados para definir os parâmetros de dominância e frequência, absolutos e relativos, e o índice de valor de importância (IVI). A diversidade foi estimada pelos índices de Shannon (H222) e equabilidade de Pielou (J). Foram encontradas 134 espécies pertencentes a 98 gêneros, distribuídos em 39 famílias. Considerando o hábito, destacaram-se as herbáceas, representadas por 103 espécies (77%), seguidas pelas arbóreas, com 10 espécies (7%), arbustivas, com 6 (6%) e subarbustivas e trepadeiras, com 5 espécies cada (5%). As dez espécies que apresentaram maior IVI foram Hydrocotyle bonariensis Lam. (9,53), Cynodon dactylon (L.) Pers. (3,73), Stellaria media (L.) Vill. (3,52), Acalypha multicaulis Müll. Arg (3,25), Dichondra macrocalyx240Meisn. (3,23), Paspalum regnellii (Mez) (3,03), Tripogandra diuretica (Mart.) Handlos (2,93), Commelina erecta L. (2,92), Sida planicaulis Cav. (2,82) e Oxalis tenerrim Knuth (2,69). O solo exposto e o material morto apresentaram IVI de 7,23 e 5,52, respectivamente. Dentre as espécies da área de estudo, 18 são exóticas, das quais, C. dactylon esteve entre as espécies de maior IVI (segunda posição) em razão do elevado percentual de cobertura relativa alcançado (5,05). Apesar do elevado número de espécies exóticas, a soma dos valores de IVI e de cobertura relativa destas (11,68 e 11,54%, respectivamente) é inferior aos valores obtidos por espécies exóticas em outros estudos em andamento na mesma Bacia Hidrográfica. A diversidade estimada pelo H222 foi de 4,16 e a equabilidade de Pielou de 0,92. Percebe-se que, onde o gado não tem acesso, a vegetação atinge maior percentual de cobertura, mostrando que o gado dificulta o processo de sucessão. Assim, sugere-se o isolamento da área e a eliminação das espécies exóticas enquanto estas ainda estão em pequeno porte ou atingem menor cobertura.


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