INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS E SUA RELAÇÃO COM FATORES DE RISCOS EM TRABALHADORES DA AGROINDÚSTRIA

TAIS MARQUES CERENTINI, ÉBONI MARÍLIA R UTER, ELISE FERREIRA ARNOLD, HILDEGARD HEDWIG POHL

Resumo


Nas ultimas décadas observamos o crescimento persistente da obesidade com consequências para a saúde pelos múltiplos fatores de risco que decorrem do excesso de peso, sendo um grave problema que diminui expectativa de vida e considerado uma epidemia global. Esse quadro decorre das mudanças do estilo de vida e são expressas nas alterações nos indicadores antropométricos, com consequentes danos à saúde das pessoas. Nesse cenário a avaliação destas medidas permite identificar riscos à saúde da população em geral, como também nos trabalhadores. Este estudo propõe estabelecer relações entre as variáveis antropométricas e a classificação nos estratos de risco de Framingham. Com característica transversal, a pesquisa foi desenvolvida a partir do banco de dados do projeto Triagem de Fatores de Risco Relacionados ao excesso de Peso em Trabalhadores da Agroindústria usando novas Tecnologias Analíticas e de Informação em Saúde (CEP nº 2509/10). Foram sujeitos 139 trabalhadores da agroindústria dos municípios de Vale Verde, Passo do Sobrado, Santa Cruz do Sul, Encruzilhada do Sul, Candelária, Rio Pardo, Pantano Grande e General Câmara, sendo 87 (62,89%) do sexo feminino e 52 (37,41%) do sexo masculino, com média de idade de 51 anos. A coleta de dados constou de avaliação antropométrica, sendo avaliado o índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), relação cintura quadril (RCQ), índice de conicidade (IC) e razão circunferência cintura-estatura (RCest). Para se obter os resultados do Escore de Risco de Framingham (ERF), aplicou-se a pontuação considerando as variáveis e fórmulas conforme descrito na V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, sendo elas: idade, sexo, pressão arterial sistólica, colesterol total, colesterol HDL e tabagismo. A partir desta variável, foram criados os três grupos para avaliação do risco de eventos cardiovasculares (baixo, moderado e alto). Os sujeitos que apresentaram diabetes no exame laboratorial foram considerados como alto risco independente da pontuação nas demais variáveis que compõe o escore. Os dados foram tabulados e analisados no SPSS 20.0, constando de estatística descritiva através de média e desvio padrão, em que as variáveis antropométricas foram analisadas na sua forma contínua, e o ERF foi a variável categórica utilizada para estratificação. Ao comparar os resultados, observa-se que os sujeitos classificados com alto risco cardiovascular apresentaram os maiores valores médios de IMC, CC, IC e RCest (30,19 kg/m2; 95,66 cm; 1,25; 0,58, respectivamente), quando comparados com os de baixo risco (29,51 kg/m2; 90,15 cm; 1,19; 0,55). No entanto, na RCQ os sujeitos que apresentam o risco cardiovascular moderado obtiveram resultados antropométricos mais elevados (moderado: 0,93; alto: 0,91). Para o IMC, embora a média do grupo alto risco tenha sido superior às demais, cabe destacar que aqueles classificados como baixo risco apresentaram médias superiores quando comparados ao grupo moderado (29,51 kg/m2 versus 26,54 kg/m2), situação semelhante observada para o RCest (moderado: 0,53 e baixo: 0,55). Observa-se que as alterações dos indicadores antropométricos possuem relação com os resultados obtidos na pontuação do ERF, especialmente a CC, IC e RCest, indicando que seus valores aumentados podem estar relacionados à maior probabilidade de eventos cardiovasculares nos trabalhadores.


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