LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA FAUNA SILVESTRE ATROPELADA NA BR-290, ENTRE OS KM 210 E 214, MUNICÍPIO DE PANTANO GRANDE, RS, BRASIL.
Resumo
A construção de rodovias é um dos fatores que contribui para a fragmentação original do habitat da fauna silvestre, causando uma barreira ao fluxo gênico de espécies. Desta forma, o monitoramento da fauna silvestre atropelada nestas estradas se tornou uma ferramenta importante para determinar a perda da biodiversidade faunística, revelando aspectos da forma de deslocamento e dinâmica sazonal de populações de algumas espécies. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi monitorar os atropelamentos da fauna silvestre na BR-290, entre os kms 210 a 214, no município de Pantano Grande-RS. O inventário de campo foi realizado durante o período de 8 meses, entre dezembro de 2013 a agosto de 2014, percorrendo a rodovia através de caminhadas uma vez ao dia, geralmente pela manhã. O critério utilizado no levantamento foi contabilizar todos os animais vertebrados que estavam atropelados por veículos automotores que trafegaram na rodovia. As espécies foram identificadas no local pela morfologia externa, sendo as ocorrências documentadas utilizando câmera fotográfica. Os resultados preliminares indicaram a ocorrência de 121 animais atropelados. A maior classe amostrada foi o grupo das Aves, com 47,9%, seguido da classe Mammalia, com 27,3%, e da classe Reptilia, com 24,8%. Em relação aos grupos de animais atropelados registrados, destacaram-se duas famílias de aves: Columbidae foi o grupo mais frequente, com 20 registros de atropelamentos (16,7%), representado pelas espécies: Columbina picui (rolinha-picuí) 7,5%; Columbina talpacoti (Rolinha-roxa) 4,2%; Zenaida auriculata (Pomba-de-bando) 4,2% e Leptotila verreauxi (Juriti-pupu) 0,8%. A segunda família, Passeridae, com 16 indivíduos atropelados (13,2%), foi representada pela espécie Passer domesticus (Pardal). As demais famílias mais representativas foram: Didelphidae, com 13 registros (10,8%) e representado pelas espécies Didelphis aurita (Gambá-de-orelha-preta) (9,1%) e Didelphis albiventris (Gambá-de-orelha-branca) (1,7%). A família Teiidae também apresentou 11 registros (9,1%) de atropelamentos para a espécie Tupinambis merianae (Lagarto). Esse alto índice de aves atropeladas poderia ser explicado, provavelmente, considerando os hábitos alimentares forrageiros destas espécies na estrada, uma vez que foram observadas com frequência alimentando-se na rodovia, fato que pode ter contribuído para este resultado. A família Didelphidae, com as espécies Didelphis aurita e Didelphis albiventris,também apresentaram alta taxa de atropelamentos, isto deve-se, provavelmente, aos seus hábitos tolerantes à influência antrópica (áreas rurais e urbanas), ocorrendo praticamente em qualquer lugar que disponha de alimento e abrigo. Dentre a fauna ameaçada foi registrado a espécie Tamandua tetradactyla (tamanduá mirim), que se encontra na categoria vulnerável para o Estado do Rio Grande do Sul. Através do inventário preliminar dos animais silvestres atropelados, evidenciou-se uma perda da biodiversidade relacionada à fauna local, com 121 animais mortos por atropelamentos durante o período de 8 meses. Os estudos continuarão ocorrendo até que se complete um ano de amostragem. Neste sentido, visando à preservação da diversidade biológica, e consequente banco genético animal, torna-se necessária a adoção de medidas mitigatórias para conter este impacto à fauna local.
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