EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: PERSPECTIVAS DE TRABALHADORES DE SAÚDE

DAIANE RAQUEL KIST, BIBIANA ROCHA BRUM, LENI DIAS WEIGELT, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS) cita que as atividades educativas devem ser adequadas à realidade de trabalho, contribuindo na identificação das necessidades de formação dos trabalhadores de saúde e estimulando a transformação das ações, assim como sua problematização. Este estudo objetivou investigar as perspectivas dos trabalhadores acerca dos processos de educação permanente em saúde. A pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, contou com 10 trabalhadores de saúde de municípios da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados com a técnica de grupo focal e submetidos à Análise de Conteúdo. A pesquisa foi desenvolvida por pesquisadores e bolsistas do Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), de 2012 a 2013, e obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC sob protocolo nº3049/11. Os resultados mostraram que a implementação do processo de educação permanente na região é visto pelos trabalhadores como importante, mas há necessidade de ser efetivamente entendido em sua totalidade. Ressaltaram que percebem dificuldades no processo de EPS devido à centralidade da organização do trabalho e da assistência baseada na concepção biologicista, o que indica entendimentos voltados a ofertas de ações educativas no âmbito técnico-científico como prioritárias neste processo. Por isso, somente capacitações técnicas são insuficientes para aperfeiçoar as ações em saúde. Como recurso, a problematização do processo de trabalho em saúde é importante para estruturar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho de acordo com a realidade local, auxiliando no entendimento da EPS e na formação de profissionais autônomos do seu próprio trabalho. Como suporte para a implementação do processo de EPS na região, os trabalhadores referiram a importância dos Núcleos Municipais de Educação em Saúde Coletiva (NUMESC) para suprir a carência dos serviços e dos trabalhadores de saúde, intensificando qualidade na formação e organização das atividades dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde. Os sujeitos entendem que os gestores de saúde têm a responsabilidade de proporcionar atividades de capacitações efetivas e apropriadas às necessidades locais, de forma que complementem o processo de atenção à saúde, bem como o incentivo para proporcionar condições de desenvolvimento dos NUMESCs. O estudo aponta a necessidade de continuidade desse processo, para além da efetividade de suas ações, contribuindo prioritariamente para o protagonismo dos trabalhadores nos seus cotidianos de trabalho e, consequentemente, para o aprimoramento dos processos de trabalho em saúde.


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