QUANDO SE FALA EM DOENÇA DE ALZHEIMER: O PAPEL DO FAMILIAR CUIDADOR DE IDOSOS

VANESSA MONIGUELI GIEHL, JULIANA ROHDE, LEONIA CAPAVERDE BULLA, SILVIA VIRGINIA COUTINHO AREOSA

Resumo


A longevidade no Brasil é um fato recente que representa grandes desafios, considerando as projeções realizadas para 2025, no qual o país será o 6º do mundo em número de idosos. Atrelado a este aspecto, evidentemente, projeta-se um aumento considerável das doenças crônico-degenerativas, em especial a Doença de Alzheimer (DA). Esta caracteriza-se por um declínio progressivo nas áreas da cognição, função e comportamento. Por ser uma patologia incapacitante e irreversível, surge a demanda e a necessidade de alguém realizar os cuidados especiais e permanentes do sujeito acometido. Na literatura brasileira encontramos poucas pesquisas e evidências sobre cuidadores de idosos com algum tipo de demência e, nas últimas três décadas, percebe-se que pouco foi investido no familiar cuidador. Este trabalho é um recorte dos dados obtidos ao longo do desenvolvimento do projeto de pesquisa 223Qualidade de vida do familiar cuidador de idosos portadores da Doença de Alzheimer e suporte social224. A pesquisa de metodologia qualitativa trabalhou com análise de conteúdo e dentre as categorias que salientaram destaca-se quatro delas, que serão apresentadas neste trabalho: a 223decisão de cuidar224; os 223sentimentos que o ato de cuidar gera224; o 223stress do cuidador224 e o 223relacionamento dos familiares de DA224. Os resultados apontam que o cotidiano do portador de DA vai se modificando de forma acentuada em relação à dependência, autonomia e a capacidade de decisão. Neste momento é fundamental o apoio do cuidador, que coloca-se como a figura direta e essencial destes cuidados. As principais razões que levaram o sujeito ou a família a optar por um cuidador principal foram: opção pessoal; opção familiar; falta de opção; imposição; responsabilidade moral; falta de condição financeira; retribuição afetiva e dependência financeira. Com relação aos principais sentimentos gerados pelo ato de cuidar, relatados pelo cuidador, estão: impotência; desmotivação; depressão; tristeza; culpa; irritação; raiva; falta de paciência; sobrecarga; cansaço; pena; acomodação; angústia; gratificação; mágoa; chateação; insegurança e reciprocidade. Sobre o stress do cuidador, este atribui-se ao desgaste emocional; problemas físicos; desconhecimento da doença; ansiedade; cansaço. No aspecto relacionamento dos familiares de DA, observou-se diferentes falas, como: sempre bom; era bom e ficou difícil; melhorou e está mais próximo; está melhor e mais carinhoso; mudou, agora é de dependência; está gerando discórdia na família. O cuidador, em muitos casos, acaba apresentando uma sobrecarga física muito grande por ser o único que se dispôs ou assumiu a responsabilidade pelos cuidados do sujeito com DA. Isso representa também o desgaste a nível emocional, gerando diversos sentimentos, que vão desde o envolvimento afetivo a uma mudança de relação que antes era de reciprocidade passando a ser de dependência. Desta forma, quem faz o cuidado possui a necessidade de manter uma rede de apoio onde possa tirar dúvidas, compartilhar angústias e sentimentos referentes à situação pela qual está passando. Conhecer e compreender a qualidade de vida dos cuidadores e os diversos fatores associados auxilia a formação de ações em saúde, promovendo o debate e a articulação de soluções visando à diminuição da sobrecarga de cuidado vivenciada por eles.


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