LEVANTAMENTO DE COLEÓPTEROS (INSECTA, ARTHOPODA) NO CULTIVO DE TABACO (NICOTIANA TABACUM L.) COM MANEJOS DIFERENTES EM SANTA CRUZ DO SUL, RS, BRASIL
Resumo
O tabaco (Nicotiana tabacum L.) é uma das plantas com maior valor econômico do sul do país. Para garantir uma melhor qualidade e produtividade, tornam-se necessários estudos contínuos sobre as pragas que o atacam. Os coleópteros constituem a maior ordem de insetos do Filo Arthropoda. São abundantes elementos no processo produtivo do tabaco, pois representam importantes pragas agrícolas, bem como são predadores de diversas pragas dessa cultura. Assim, este estudo objetivou realizar um levantamento dos coleópteros presentes nas lavouras de tabaco com manejo diferentes, na safra 2014/2015 em Santa Cruz do Sul, RS, BR. Foram instaladas em uma lavoura de manejo orgânica um total de 36 armadilhas Pit-fall e 9 de Malaise, distribuídas em 3 linhas, com 3 pontos de coleta cada, distribuídos de fora para dentro do plantio; enquanto na convencional foram instaladas 12 Pit-fall e 3 de Malaise, distribuídas em 1 linha com 3 pontos. As coletas foram realizadas semanalmente no período de 06/11/2014 a 15/01/2015. Foi amostrado um total de 2.760 coleópteros, sendo 2.417 (88%) na lavoura com manejo orgânico e 343 (12%) na lavoura convencional. Destes, coletou-se 2.147 (78%) com armadilhas de Malaise e 610 (22%) com Pit-fall. Do total, 1.669 pertencem à Chrysomelidae (60%); coleópteros fitófagos que se alimentam da superfície foliar, causando injÚrias, reduzindo a qualidade do produto final, e por isso considerados pragas agrícolas. Entre eles, 1.143 são de Diabrotica speciosa e 526 de Epitrix spp., ambos importantes pragas do tabaco. Os 1.091 (40%) indivíduos restantes pertencem a duas famílias, 473 indivíduos de Carabidae e 618 de Coccinellidae, indivíduos predadores que auxiliam na regulação da população de insetos pragas. Do total de coleópteros com hábito nocivo na lavoura orgânica, 433 (31%) foram coletados na Linha 1, 445 (32%) na Linha 2 e 517 (37%) na Linha 3, mostrando que a vegetação adjacente, diferente em cada uma das linhas, não influenciou na quantidade dos coleópteros encontrados. Já na distribuição por ponto, observa-se que no ponto fora capturou-se 592 (21%) dos indivíduos, enquanto na borda 1.024 (37%) e dentro 1144 (42%), demostrando uma maior quantidade destes insetos dentro do plantio, resultado de sua procura por alimento, local de acasalamento e oviposição. D. speciosa e E. spp, pragas de Chrysomelidae, tiveram o maior nÚmero no início e final da safra, respectivamente nas datas 06/11/2014, com 176 coleópteros (137 D. speciosa e 39 E. spp.), 13/11/2014 com 179 (168 D. speciosa e 11 E. spp) e 07/01/2015 com 177 (17 D. speciosa e 160 E. spp). E. spp e D. speciosa tiveram picos populacionais em datas distintas, já que D. speciosa prefere folhas novas, presentes no começo da safra. Ao contrario, E. spp. é conhecido como praga tardia, que se alimenta de folhas mais velhas, presentes em janeiro. Exemplares de Carabidae e Coccinellidae foram mais abundantes no plantio orgânico, mostrando o maior potencial para o controle biológico neste tipo de manejo, principalmente em dezembro e janeiro, coincidindo com os ciclos biológicos das pragas. Com o presente estudo, contribui-se para o conhecimento sobre os coleópteros presentes no plantio de tabaco, principalmente referente à distribuição temporal e espacial das espécies pragas. Assim, os dados ajudarão nas futuras decisões sobre o controle das espécies pragas, sendo por intervenção agroquímico nos plantios de manejo convencional ou intervenção por controle biológico no plantio orgânico.
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