SOBRE CONDIÇÕES E MODIFICAÇÕES NO PROCESSO DE TRABALHO: CONCEPÇÕES DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Resumo
O processo de trabalho do Agente Comunitário de SaÚde (ACS) é caracterizado por particularidades que podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao desempenho das suas funções. Esta categoria profissional, com importante contribuição para a consolidação do Sistema Único de SaÚde (SUS), tem como atribuições desenvolver atividades de promoção à saÚde e prevenção de doenças. Seu trabalho se consolida através de ações educativas, dentro nos domicílios e na comunidade. Entretanto, para que o seu trabalho tenha um resultado efetivo, devem ser disponibilizados instrumentos e condições de trabalho que sejam compatíveis com a sua função. A partir destas ponderações, buscou-se investigar aspectos relacionados às condições de trabalho do ACS, bem como modificações necessárias para o aprimoramento do seu processo de trabalho. Este estudo é um recorte da pesquisa denominada "Sofrimento no trabalho de Agentes Comunitários de SaÚde: um estudo nos municípios da 13ª Coordenadoria Regional de SaÚde - RS", desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em SaÚde (GEPS), da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), contemplada no edital FAPERGS/MS/CNPq/SESRS n. 002/2013 - Programa Pesquisa para o SUS - PPSUS - 2013/2015 e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC sob o protocolo 713.475. O estudo do tipo quantitativo-qualitiativo teve como sujeitos 251 ACS de 34 equipes de Estratégias de SaÚde da Família (ESF) e de cinco Estratégias de Agentes Comunitários de SaÚde (EACS) dos 13 municípios de abrangência da 13ª Coordenadoria Regional de SaÚde/RS. Destes, 16 sujeitos participaram de entrevistas, em uma amostragem intencional por município e tipo de estratégia de saÚde. A coleta de dados quantitativos foi realizada com o formulário validado "Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento" (ITRA). Para este estudo, considerou-se as 10 questões que compõem o fator "Condições de Trabalho" - definido como a qualidade do ambiente físico, posto de trabalho, equipamentos e material disponibilizado para a execução do trabalho. Os dados quantitativos foram analisados, obtendo-se o escore fatorial dos fatores analisados com o cálculo da média dos itens. Os dados qualitativos foram analisados por meio da Análise de ConteÚdo. Os resultados da análise quantitativa evidenciaram um escore de 2,54 pontos - em uma escala que varia de 2,3 a 3,69 pontos - avaliação considerada como moderada/crítica no fator condições de trabalho. Este resultado mostra que as condições nas quais o ACS realiza as suas atribuições podem estar comprometendo o seu processo de trabalho. Este dado é compatível com as falas trazidas pelos ACS nas entrevistas, cujo questionamento norteador foi acerca das mudanças necessárias no seu trabalho. Os ACS citaram desejo de mudança em questões que dizem respeito ao ambiente físico do seu local de trabalho, falta de material de apoio e educativo para realização das atividades e falta de auxílio financeiro ou meio de transporte para o deslocamento às residências distantes dos usuários do ESF ou EACS, na ocasião das visitas domiciliares. Essas mudanças sugeridas são importantes e necessárias, haja vista que os fatores citados podem ser considerados como dificultadores para o desenvolvimento das potencialidades destes trabalhadores, o que impacta negativamente na assistência prestada aos usuários do Sistema Único de SaÚde.
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