APROVEITAMENTO DE RESÍDUO DO TABACO GERADO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NA OBTENÇÃO DE BIOPLÁSTICO

LARISSA BRIXNER RICA, LEONARDO BASTOS MORAES, ROSANA DE CÁSSIA DE SOUZA SCHNEIDER, DIEGO DE SOUZA, MARIA VIVIANE GOMES MULLER

Resumo


O desenvolvimento de polímeros biodegradáveis, a partir de resíduos agroindustriais por microrganismos, segue a tendência mundial de sustentabilidade ambiental, principalmente quando se trata de pesquisa de tecnologias limpas. Dentre os biopolímeros, destacam-se os polihidroxialcanoatos (PHA's), termoplásticos biodegradáveis, acumulados por diversos microrganismos como reserva de carbono, geralmente em condições de estresse fisiológico. Dentre os PHA's, destaca-se o polihidroxibutirato (PHB), por possuir características semelhantes aos plásticos comerciais derivados do petróleo, como o polipropileno. Com relação as vantagens de seu emprego, podemos citar a rápida decomposição no ambiente e ausência de liberação de compostos tóxicos durante esse processo. No entanto, a produção em grande escala desse biopolímero é dificultada, principalmente devido aos custos inerentes que se referem ao processo de produção. Pensando nisso, esse trabalho objetiva-se à prospecção de microrganismos, a fim de biotransformar o hidrolisado do resíduo de tabaco energético gerado na produção de biodiesel em PHB. Para isso, foi utilizado o hidrolisado da torta de sementes de tabaco, fonte de carbono suplementar dos ensaios, obtido a partir da hidrólise com H2SO4 5% em autoclave por 15 minutos e posterior neutralização. Para produção de PHB, o protocolo foi realizado em duas etapas. Primeiramente a cepa bacteriana E10 foi inoculada em caldo BHI por 24 h. Este inóculo foi padronizado em 12x108 UFC e utilizado na etapa seguinte onde condições foram desenvolvidas para favorecer a produção de PHB. Posteriormente, utilizando como fonte de carbono suplementar a glicose ou o hidrolisado, ocorreu o cultivo em agitador orbital a 150 rpm, 28ºC por 60 horas. A cada 12 horas alíquotas de 5 mL, foram coletadas para avaliação da massa celular em espectrofotômetro, realização da coloração de Sudan Black para a detecção de corpos lipofílicos característicos dos grânulos de PHB, avaliação do parâmetro pH e análise por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para avaliar a identidade e pureza do polímero extraído. A biomassa obtida ao final do cultivo passou por um processo de extração através da digestão com solução de hipoclorito de sódio e clorofórmio. Realizou-se uma extração, e a fase orgânica foi separada, seca com MgSO4 e posteriormente rotaevaporado. Este material foi analisado através de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para confirmação da estrutura obtida. No meio de cultivo, onde a fonte de carbono foi exclusivamente a glicose, a detecção de corpos lipofílicos pela coloração de Sudam Black foi dificultada pela pouca quantidade de inclusão citoplasmática produzida. Quando a bactéria foi submetida às mesmas condições de cultivo, substituindo-se a glicose pelo hidrolisado de tabaco, foram observadas facilmente a presença de inclusões polares sugestivas de PHB e posteriormente confirmadas pelos resultados do RMN. Estes resultados, embora preliminares, sugerem o potencial do hidrolisado de tabaco como uma alternativa potencial e de baixo custo como fonte de carbono na produção de PHB.


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