O Brasil é líder mundial em produção de laranjas, a qual produz a metade do suco de laranja do planeta, e exporta cerca de 70% da safra nacional. Já no estado do Rio Grande do Sul, a fruta tem sido uma nova aposta para os produtores, pois dispõe de condições muito favoráveis para o desenvolvimento da citricultura. Para tanto, a indÚstria de sucos de laranja no Brasil pode gerar cerca de 42% de resíduos sólidos do total da fruta. Partindo deste contexto, deve-se levar em consideração a utilização desses resíduos para a produção de subprodutos, como por exemplo, extração de óleos essenciais das cascas, extração do bagaço, bem como a produção de farinha do bagaço remanescente, além da extração do óleo fixo das sementes destes frutos. Este trabalho tem por objetivo obter alguns subprodutos dos frutos da laranja após extração do seu suco e do óleo essencial, transformando o bagaço restante em produtos de valor comercial. As práticas foram realizadas no projeto "Desenvolvimento de novos produtos oleoquímicos no centro de excelência em produtos e processos oleoquímicos e biotecnológicos do TecnoUNISC visando incentivar a cadeia produtiva de óleos vegetais da região do Vale do Rio Pardo, RS" entre os meses de junho a agosto de 2015, no Parque Tecnológico da Universidade de Santa Cruz do Sul. Os experimentos foram realizados com as frutas frescas do Citrus sinensis (Linnaeus), onde um extrato etanólico foi preparado a partir do albedo das frutas, após descascamento para extração do óleo essencial, onde foram picadas e colocadas em sistema de refluxo com álcool 70ºGL por um período de 3 horas. Após este procedimento, as amostras foram filtradas e rota evaporadas para a extração do solvente. O extrato foi então congelado e liofilizado. A liofilização é uma técnica de secagem que retira a umidade no material através do congelamento da parte líquida e posterior sublimação do gelo. O albedo restante do refluxo foi seco em estufa de ar circulante a 70ºC por 24 horas, sendo posteriormente triturado em moinho de facas para a obtenção da farinha da laranja. As sementes foram prensadas em prensa hidráulica para obtenção de seu óleo fixo. O liofilizado apresentou aparência semelhante ao suco em pó, com algumas variações de cor e umidade, e a farinha apresentou aparência, aroma, sabor e textura agradáveis e característicos da fruta. A literatura menciona que a farinha pode ser usada para a produção de alimentos, como biscoitos, pães e sorvetes, sendo assim uma alternativa de combate ao desperdício e agregando também no valor nutricional. O extrato liofilizado é rico em propriedades antioxidantes e contém elevado teor de pectinas que podem ser utilizadas na indÚstria de alimentos. O óleo das sementes pode ser utilizado na formulação de óleos comestíveis e de sopa industrializada. Sendo assim, pretende-se avaliar as características nutricionais e alimentícias bem como farmacológicas, destes subprodutos obtidos para que os mesmos possam ser aproveitados como subprodutos de valor comercial agregado.