PAPEL DO GENE PRNP EM ADULTOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE (TDAH): RESULTADOS PRELIMINARES

CAROLINE DA SILVA, PRICILA GIRARDI, VERÔNICA CONTINI

Resumo


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é o transtorno psiquiátrico mais comum na infância, persistindo até a idade adulta em aproximadamente 50% dos casos. Clinicamente, é caracterizado por um quadro persistente de impulsividade, hiperatividade e falta de atenção, acarretando em diversos problemas ao longo da vida dos pacientes. Na vida adulta, a presença de TDAH está associada com outros transtornos mentais, como a depressão e os transtornos por uso de substâncias, com maiores taxas de desemprego, acidentes, dificuldades financeiras e problemas interpessoais. Estudos com gêmeos estimam uma herdabilidade em torno de 76% para crianças e adultos. Diferentes ferramentas de estudos moleculares têm sido empregadas na busca pelos genes envolvidos no desenvolvimento do TDAH, e muitos genes têm sido sugeridos como possivelmente envolvidos na origem desse transtorno. No entanto, nenhum dos genes investigados até o momento parece ser suficiente ou necessário para o desenvolvimento do transtorno. O gene PRNP codifica uma glicoproteína de membrana (PrPC), encontrada nos terminais sinápticos de diversas áreas do sistema nervoso central. Apesar da função desta glicoproteína não estar bem elucidada, estudos têm demonstrado que esta parece ser essencial para muitos fenômenos biológicos relacionados com a sinalização celular, plasticidade neural e consolidação da memória, sendo a causa de algumas doenças degenerativas, sugerindo um efeito em processos cognitivos e no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. O objetivo principal deste estudo é investigar a associação do polimorfismo rs1799990 no gene PRNP com o TDAH na vida adulta. Além disso, será avaliada a influência do polimorfismo no perfil de comorbidades e em variáveis de gravidade dos pacientes adultos com TDAH. A amostra de pacientes com TDAH é composta por 554 indivíduos adultos, de ambos os sexos, diagnosticados no Programa de Transtornos de Déficit de Atenção/Hiperatividade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV; APA, 1994). O grupo controle é composto por 639 indivíduos, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, recrutados do banco de sangue do HCPA. Os indivíduos controles foram avaliados para a presença de TDAH através da Escala de Auto-Avaliação para o Diagnóstico de TDAH em Adultos (ASRS, versão 1.1), da Organização Mundial de SaÚde, e, para outros transtornos mentais, através de um módulo reduzido do SCID-I (Structured Clinical Interview for DSM-IV). Todos os indivíduos incluídos no estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA. A extração de DNA foi realizada pelo método de salting out e o polimorfismo foi genotipado pelo sistema de discriminação alélica TaqMan. As frequências alélicas estimadas foram de 0,33 para o alelo G e 0,67 para o alelo A, em pacientes com TDAH, e 0,34 e 0,66, para os alelos G e A, respectivamente no grupo controle. As frequências genotípicas estão de acordo com o Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Não foi detectada associação significativa entre o polimorfismo investigado e o TDAH. Ressalta-se, no entanto, que as análises do efeito do polimorfismo no perfil de comorbidade e na gravidade do transtorno nos pacientes ainda estão em andamento, impossibilitando conclusões definitivas a respeito do papel dessa variante no TDAH em adultos.


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