PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM ESCOLARES: FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E BIOQUÍMICOS ASSOCIADOS

SUELLEN TERESINHA RODRIGUES, CÉZANE PRISCILA REUTER, MIRIA SUZANA BURGOS

Resumo


Os fatores sociodemográficos e bioquímicos são prováveis determinantes que estabelecem a ocorrência de pressão arterial elevada, na infância ou adolescência, podendo ocasionar complicações futuras, em especial as cardiovasculares. O objetivo da pesquisa é descrever a prevalência de pressão arterial alterada em escolares, verificando possível associação com fatores sociodemográficos e bioquímicos. O método selecionado foi o estudo transversal, composto por uma amostra de 1.201 crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, de ambos os sexos, pertencentes a 18 escolas do município de Santa Cruz do Sul - RS, da rede municipal, estadual e particular, da zona urbana e rural. Os dados sociodemográficos (sexo, idade, escola e nível socioeconômico) foram autorreferidos pelos escolares. A idade foi posteriormente categorizada em criança (até 9 anos) e adolescente (10 anos ou mais), segundo classificação proposta pela Organização Mundial da SaÚde. A pressão arterial (PA) foi avaliada com o escolar sentado, em repouso. Os dados obtidos para pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram classificados de acordo com a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão. Para a análise dos dados, foram considerados os escolares limítrofes ou hipertensos, aqueles que possuíam alteração para PAS e/ou para PAD. Os indicadores bioquímicos (glicose, triglicerídeos, colesterol total e colesterol de alta densidade - HDL) foram analisados em equipamento automatizado Miura One (ISE, Roma, Itália). O colesterol de baixa densidade - LDL foi calculado de acordo com a fórmula estabelecida por Friedewald, Levy e Fredrickson. Os escolares foram orientados a manterem jejum de 12 horas até o momento da coleta de sangue. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva (frequência e percentual) para caracterização da amostra. A associação entre a PA alterada e os indicadores sociodemográficos e bioquímicos foi testado por meio da regressão de Poisson, através dos valores de razão de prevalência e intervalo de confiança (IC) para 95%. Foram considerados significativos os valores de p<0,05. Todas as análises foram realizadas no software SPSS v. 20.0 (IBM, Armonk, NY, EUA). Observou-se um alto percentual de escolares com alteração no perfil bioquímico, principalmente nos níveis de colesterol total (61,0%) e colesterol LDL (43,5%). A PA alterada foi encontrada em 16,2% dos escolares. No sexo feminino, houve prevalência 6% menor (p=0,001) de PA alterada; por outro lado, a alteração foi maior entre os adolescentes (RP: 1,11; p<0,001) e entre os escolares da rede de ensino estadual (RP: 1,05; p=0,013). Quanto aos indicadores bioquímicos, a alteração da PA associou-se com pré-diabetes (RP: 1,09; p=0,001) e com colesterol HDL limítrofe (RP: 1,09; p=0,007). Como resultado, foi encontrado alto percentual de escolares com PA alterada. Entre os fatores sociodemográficos associados com esta condição estão o sexo masculino, os adolescentes e os escolares da rede de ensino estadual. A alteração da PA associou-se também com escolares pré-diabéticos e com HDL limítrofe. Sugere-se que a identificação dos fatores associados com a presença de pressão arterial alterada pode ser importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégias de saÚde pÚblica.


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