PREVALÊNCIA DO EXCESSO DE FERRO EM CRIANÇAS DE IDADE ESCOLAR DO MUNICIPIO DE SANTA CRUZ DO SUL-RS E SUA POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO COM A ESTABILIDADE GENÔMICA
Resumo
O ferro é um mineral essencial para a manutenção da homeostase do organismo e da estabilidade do genoma, porém, quando em excesso torna-se tóxico potencializando espécies reativas de oxigênio (ERO) e intensificando complicações de doenças crônicas e síndrome metabólica. A ferritina é uma importante proteína de reserva de ferro, é encontrada em todas as células, e a sua dosagem é o mais fiel indicador da quantidade de ferro armazenada no organismo. Os riscos de sobrecarga de ferro estão presentes quando a ferritina sérica está acima de 150 ng/ml (WHO, 2001). Para avaliação da estabilidade genômica utiliza-se o ensaio cometa que é um teste bem estabelecido para estimar danos no DNA em células individuais (ASLAN et al., 2006). O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência do excesso de ferro em crianças com idade escolar entre 10-12 anos e verificar a possível associação com a estabilidade genômica. O estudo é um recorte da pesquisa de
mestrado qual seja: Prevalência de anemia, em escolares com idade entre 10 a 12 anos, no município de Santa Cruz do Sul-RS: a relação com marcadores bioquímicos, hematológicos, estoque de ferro e de estabilidade genômica, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC, parecer 607.665. Esta pesquisa é de abordagem quantitativa e de prevalência, delineamento transversal, observacional, de caráter descritivo e analítico. Participaram do estudo 67 escolares, com idades entre 10 a 12 anos, selecionadas em 6 escolas urbanas participantes do projeto. As coletas sanguíneas aconteceram na UNISC por um profissional devidamente capacitado, e o soro das referidas amostras foram encaminhadas a um laboratório de análises clínicas de Santa Cruz do Sul para dosagem da ferritina sérica, já o nível de dano no DNA foi avaliado pelo Ensaio Cometa no Laboratório de Nutrição Experimental da UNISC. Os grupos foram divididos em Ft≤30 ng/mL (19 indivíduos), Ft 30-120 ng/mL (42 indivíduos) e Ft> 120 ng/mL(6 indivíduos). As análises estatísticas foram realizadas com o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0 e os gráficos construídos com o programa GraphPad Prism versão 4.0. A população do estudo constituída por 67 escolares mostrou que 52,2% dos indivíduos eram do sexo masculino e a média de idade foi de 11,3 ± 0,9 anos. Enquanto 28% da amostra apresentou deficiência de ferro, apenas 9% da apresentou níveis de ferritina >120ng/mL e nenhum indivíduo apresentou >300 ng/mL (nível de sobrecarga de ferro). Observou-se ainda, que tanto o índice de dano quanto à frequência de dano mostraram-se menores em indivíduos com maiores índices de ferritina, com significância estatística, revelando assim que o excesso e/ou sobrecarga de ferro parece não ser um problema nos indivíduos estudados. Vários estudos relataram que as deficiências de micronutrientes ou excessos pode modificar a estabilidade genômica, entretanto, pouco se sabe sobre essa relação. O excesso e/ou sobrecarga de ferro no organismo está associado ao aumento do risco de câncer, doenças cardiovasculares, doenças neuro degenerativas, entre outras. Em nosso estudo o excesso de ferro não prejudicou a estabilidade genômica dos escolares, sendo assim, faz-se necessário um numero maior de pesquisas sobre o assunto para que possamos ter maior conhecimento sobre os malefícios do excesso de ferro na alimentação.
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