PERFIL DOS PORTADORES DE DPOC QUE APRESENTAM MAIOR TOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO APÓS UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO PULMONAR

PALOMA DE BORBA SCHNEIDERS, CÁSSIA DA LUZ GOULART, ELISABETE A. SAN MARTIN, NATACHA A. DA FONSECA MIRANDA, DANNUEY MACHADO CARDOSO, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) se instala de forma lenta, progressiva e irreversível, acometendo os pulmões e diminuindo sua capacidade respiratória. Após a instalação dos primeiros sintomas (dispneia e hipersecretividade) a evolução da DPOC gera fraqueza muscular generalizada. Esses fatores conduzem à piora gradual do condicionamento físico, intolerância ao exercício e limitação nas atividades de vida diárias. Nosso objetivo foi de avaliar o perfil clínico dos portadores de DPOC que apresentam maior tolerância aos exercícios físicos quando submetidos a um Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP). Ensaio clínico não randomizado, com amostragem de conveniência, composto por portadores de DPOC do PRP do Hospital Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul - RS. A tolerância ao exercício foi avaliada através do teste de caminhada com carga progressiva (TCCP), realizado conforme Singh et al. (1992), em um corredor plano demarcado em 10 metros, sendo o incremento da velocidade e da cadência e incremental ditado por mídia sonora que compreende vários níveis e que sinalizam o aumento da cadência e da velocidade do passo. Após avaliação do TCCP, os pacientes foram alocados em 2 grupos: Grupo 1 (G1) de maior tolerância ao exercício físico e Grupo 2 (G2) de menor tolerância ao exercício físico. Variáveis analisadas para comparação entre os grupos: etnia, sexo, escolaridade, idade, Índice de Massa Corporal (IMC), predito do volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1), estadiamento da doença, Medida de Independência Funcional (MIF) e Escala de Dispneia (MRC). Os resultados foram expressos em valores percentis, médias e desvios padrão, sendo os grupos comparados pelo teste t de Student rejeitando a hipótese nula se valor de p≤0,05. RESULTADOS: 27 portadores de DPOC foram avaliados e estratificados em G1 (n=17) e G2 (n=10) conforme os resultados do TCCP onde encontrou-se uma diferença significativa na distância percorrida pós PRP [G1 pré/pós (267,1±91,6 m vs 308,2±85,1 m, p-0,01; G2 pré/pós (304,7±90,9 vs 264±84,4 m, p-0,01)]. Em ambos os grupos houve maior frequência de caucasianos [G1, n=15 (88%); G2, n=8 (80%)], sexo masculino [G1, n=10 (59%); G2, n=6 (60%)], idade adulta (G1=62,9±7,8 anos; G2=64,4±6,5 anos), IMC (G1=27,9±6,4 Kg/m²; G2=28,7±7,8 Kg/m²) e baixa escolaridade [Ensino Fundamental Incompleto: G1 n=8 (47%); G2 n=5 (50%)]. A função pulmonar do G1 não diferiu do G2 para o predito do VEF1 (38,86±15,49% do predito vs 42,16±14,94% do predito, p=0,97) e o estadiamento severo predominou nos 2 grupos [G1,n=8 (47%); G2,n=5 (50%)]. A média da MIF caracterizou-se como independência modificada ou funcional completa [G1 pré/pós (122,64±6,60 vs 124,05±3,57 pontos) e G2 pré/pós (121,80±7,49 vs 121,80±6,44pontos)] e na avaliação da dispneia pré RP houve predomínio do MRC 2 no G1 ("dispneia andando lentamente e/ou precisa parar para respirar") e MRC 1 no G2 ("dispneia quando andam rápido ou subindo aclive"), porém pós RP constatou-se uma melhora no G1 que evoluiu para MRC 1. Em nosso estudo, os portadores de DPOC, com maior tolerância ao exercício físico após um programa de RP, apresentaram perfil clínico semelhante aqueles com limitação mais severa ao TCCP, com exceção apenas do nível de dispneia. Dessa forma, o melhor desempenho no TCCP parece estar associado aos sintomas da DPOC, onde quanto pior a dispnéia pré PRP, melhor sua responsividade ao treinamento e a tolerância ao exercício.


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