HPV EM AMOSTRAS DE CÂNCER DE COLORRETAL

JOAO PEDRO BERNARDY, ELIARA FOLETTO, INÁCIO WAROWSKY, MARTINA FERNANDA GEWEHR, JANE DAGMAR POLLO RENNER, LIA GONCALVES POSSUELO

Resumo


O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus DNA, pertencente à família Papoviridae - gênero Papillomavirus. Atualmente, são conhecidos mais de 140 subtipos de HPV, destes, 30 possuem tropismo pelo trato anogenital. Os subtipos estão divididos em dois grupos de acordo com o seu potencial de oncogenicidade: os de baixo risco (HPV tipo 6, 11, 42, 43 e 44), incluindo os condilomas genitais, dos quais os tipos 6 e 11 são os mais prevalentes, assim como os de alto risco oncogênico (HPV tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 52, 56). Quando associados a outros cofatores, têm relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo uterino, vulva, vagina e região anal. Um estudo realizado no sul do Brasil mostrou evidências da associação entre a infecção pelo HPV e o câncer colorretal (CCR), onde detectou-se positividade para o HPV em 83,3% das amostras de tecido colorretal dos pacientes com câncer. Sendo assim, torna-se oportuno questionar a possibilidade de um vírus, neste caso o HPV, em promover alterações que possam acarretar em CCR. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é realizar a pesquisa molecular do vírus HPV em amostras de tumor colorretal de pacientes que realizaram cirurgia no Hospital Ana Nery, Santa Cruz do Sul/RS, Brasil. Para isso, realizou-se um estudo transversal prospectivo. Foram obtidas amostras de tumores colorretais no período de abril a julho do ano de 2015. No decorrer da cirurgia, uma pequena amostra do tumor foi retirado e acondicionado em tubos de coleta contendo tampão T.E. (Tris-HCl10 mM pH 8,0; EDTA 1 mM) e posteriormente transportados em temperaturas ambiente para o Laboratório do Centro de Pesquisa e Treinamento em Biotecnologia (CPTBio) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Para a extração do DNA foi utilizado o kit WizardR (Promega Corporation, EUA) com modificações. Após a extração, as amostras, foram quantificadas em Nanodrop e diluídas para uma concentração de 100ng/µl. A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi realizada utilizando-se 0,25µl Taq DNA Polimerase, 1µl dNTPS, 10µl de tampão e 2µl MgCl2. Os primers consenso utilizados para identificação do HPV foram MY09: 5'CGTCCMAARGGAWACTGATC3' e MY11: 5'GCMCAGGGWCATAAYAATGG3', em uma concentração de 10pmol. O produto amplificado foi de 450 pares de base específicos do vírus HPV. O produto da PCR foi visualizado em gel de agarose 1,5%, contendo brometo de etídio, e visualizado em luz ultravioleta. Para controle da reação, foi utilizado um controle positivo de HPV. No período do estudo, foram obtidas 21 amostras de tumor colorretal, das quais 15 foram testadas para HPV, e não foi identificado HPV em nenhuma das amostras. A média de idade foi 66 anos, variando de 54 a 80 anos. 53,3% dos pacientes eram do sexo masculino. 14,3% das amostras eram de tumor retal e 9,5% eram amostras de tumor de colo. 12,5% tinham metástase no momento da cirurgia e tumor moderadamente diferenciado. De acordo com demais estudos, essa não positividade poderia estar relacionada à técnica de identificação do DNA do HPV, tamanho amostral e até mesmo a mudanças no padrão de infecção pelo HPV, de acordo com a região geográfica e características étnicas da população estudada. Contudo, se faz necessário a continuidade da pesquisa, uma vez que a amostra testada foi pequena e estudos comprovam a relação da infecção por HPV e a patogênese do câncer colorretal.


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