FREQUÊNCIA DE SONOLÊNCIA DIURNA E APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM PORTADORES DE DPOC
Resumo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação persistente e progressiva do fluxo aéreo, associada ao aumento da resposta inflamatória anormal dos pulmões e sistêmica. Ela apresenta repercussões extrapulmonares e desencadeia alguns sintomas noturnos, como tosse, dispneia, saturação de oxigênio reduzida, hipercapnia e o uso dos mÚsculos respiratórios acessórios. Estes sintomas resultam em má qualidade do sono desses sujeitos que são frequentemente atingidos por comorbidades como a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), cuja prevalência gira em torno de 10%. O objetivo do presente estudo visa identificar a frequência dos distÚrbios do sono (Sonolência diurna e AOS) em portadores de DPOC. Como mrtodologia, o estudo é transversal, realizado com portadores de DPOC participantes do Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) no Hospital Santa Cruz. Todos os pacientes foram submetidos ao Questionário de Berlim (QB) que avalia a probabilidade de AOS quando duas das três categorias de perguntas respondidas forem positivas. A escala de sonolência de Epworth (ESE) trata-se de um questionário autoaplicável que avalia a probabilidade de adormecer em oito situações envolvendo atividades diárias, algumas delas conhecidas como sendo altamente soporíficas, também foi aplicada nos sujeitos da pesquisa. Na ESE, o escore global varia de 0 a 24, sendo que os escores acima de 10 sugerem o diagnóstico da Sonolência Diurna Excessiva (SDE). Os resultados foram expressos em frequência, média e desvio padrão, sendo utilizado o teste t de Student para análise de amostras independentes. A amostra foi composta por 23 portadores de DPOC, com média de idade 63,22 ± 8,4 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) 26,3±5,7 Kg/m2, predominância do sexo masculino (n=13) e dispneia andando rápido no plano ou subindo aclives leves (MRC 1, n=8). O predito do volume expiratório forçado no primeiro segundo foi de 36,46±16,12% L/s e o estadiamento da doença variou entre moderado (n=5, 21,7%), severo (n= 8, 34,8%) e muito severo (n=10, 43,5%). A frequência de SDE foi encontrada em 02 portadores de DPOC (8,7%) e a alta probabilidade de apneia do sono foi encontrada em 05 pacientes (22%). A análise das variáveis clínicas entre os portadores de DPOC com alta probabilidade de AOS e ausência de AOS não demonstrou nenhuma diferença significativa entre os grupos, porém observou-se uma tendência de sobrepeso entre os DPOC com alta probabilidade de AOS (IMC 30,16±6,31 Kg/m2 vs 25,24±5,24 Kg/m2, p=0,08). Concluímos que portadores de DPOC, que frequentam o programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz, apresentam alta frequência de Apneia Obstrutiva do Sono quando comparada á literatura, onde a prevalência deste distÚrbio do sono gira em torno de 10%.
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