FREQUÊNCIA DE SONOLÊNCIA DIURNA E APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM PORTADORES DE DPOC

ELISABETE ANTUNES SAN MARTIN, CÁSSIA DA LUZ GOULART, NATACHA A. DA FONSECA MIRANDA, PALOMA DE BORBA SCHNEIDERS, LISIANE LISBOA CARVALHO, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação persistente e progressiva do fluxo aéreo, associada ao aumento da resposta inflamatória anormal dos pulmões e sistêmica. Ela apresenta repercussões extrapulmonares e desencadeia alguns sintomas noturnos, como tosse, dispneia, saturação de oxigênio reduzida, hipercapnia e o uso dos mÚsculos respiratórios acessórios. Estes sintomas resultam em má qualidade do sono desses sujeitos que são frequentemente atingidos por comorbidades como a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), cuja prevalência gira em torno de 10%. O objetivo do presente estudo visa identificar a frequência dos distÚrbios do sono (Sonolência diurna e AOS) em portadores de DPOC. Como mrtodologia, o estudo é transversal, realizado com portadores de DPOC participantes do Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) no Hospital Santa Cruz. Todos os pacientes foram submetidos ao Questionário de Berlim (QB) que avalia a probabilidade de AOS quando duas das três categorias de perguntas respondidas forem positivas. A escala de sonolência de Epworth (ESE) trata-se de um ques­tionário autoaplicável que avalia a probabilidade de adormecer em oito situações envolvendo atividades diárias, algumas delas conhecidas como sendo altamente soporíficas, também foi aplicada nos sujeitos da pesquisa. Na ESE, o escore global varia de 0 a 24, sendo que os escores acima de 10 sugerem o diagnóstico da Sonolência Diurna Excessiva (SDE). Os resultados foram expressos em frequência, média e desvio padrão, sendo utilizado o teste t de Student para análise de amostras independentes. A amostra foi composta por 23 portadores de DPOC, com média de idade 63,22 ± 8,4 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) 26,3±5,7 Kg/m2, predominância do sexo masculino (n=13) e dispneia andando rápido no plano ou subindo aclives leves (MRC 1, n=8). O predito do volume expiratório forçado no primeiro segundo foi de 36,46±16,12% L/s e o estadiamento da doença variou entre moderado (n=5, 21,7%), severo (n= 8, 34,8%) e muito severo (n=10, 43,5%). A frequência de SDE foi encontrada em 02 portadores de DPOC (8,7%) e a alta probabilidade de apneia do sono foi encontrada em 05 pacientes (22%). A análise das variáveis clínicas entre os portadores de DPOC com alta probabilidade de AOS e ausência de AOS não demonstrou nenhuma diferença significativa entre os grupos, porém observou-se uma tendência de sobrepeso entre os DPOC com alta probabilidade de AOS (IMC 30,16±6,31 Kg/m2 vs 25,24±5,24 Kg/m2, p=0,08). Concluímos que portadores de DPOC, que frequentam o programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz, apresentam alta frequência de Apneia Obstrutiva do Sono quando comparada á literatura, onde a prevalência deste distÚrbio do sono gira em torno de 10%.


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