COMPARAÇÃO ENTRE DOIS MODELOS DE INDUÇÃO EXPERIMENTAL DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM RATOS WISTAR

LUCAS BRIXNER RICA, CATHERINE FRIZZO, EVERTON FERREIRA LASCH, PATRÍCIA MOLZ, SILVIA ISABEL RECH FRANKE, DANIEL PRA

Resumo


A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica causada por um distÚrbio metabólico, resultante de defeitos na secreção e/ou ação da insulina, caraterizado por hiperglicemia. O tipo de DM mais comum é a Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), representando cerca de 90 a 95% dos casos de DM. Além disso, a DM2 está associada a diversas complicações em virtude da hiperglicemia crônica. Devido à complexidade da DM2, o modelo animal é uma ferramenta que permite estudar tanto a fisiopatologia, como a terapêutica. O objetivo deste estudo foi comparar a efetividade de dois modelos de indução de DM2 em ratos Wistar: um por sobrecarga de açÚcar, e o outro induzido quimicamente. Ao todo, 14 ratos Wistar machos, divididos em 2 grupos, foram tratados por 4 meses com: i) sobrecarga de açÚcar invertido (grupo AI), diariamente, a uma concentração de 32%, na água de beber, oferecida ad libitum aos animais; ii) aloxano (ALX), administrado em dose Única de 150g/kg por via intraperitoneal, diluída em solução salina. Para avaliar a DM2, realizou-se o teste de tolerância à glicose intraperitoneal (ipTGG), no final do experimento. Para o teste, coletou-se sangue da veia da cauda após 6h de jejum (tempo 0) e, após, a aplicação intraperitoneal de 1 mg de glicose por g de peso de rato nos tempos 5, 15, 30, 60 e 120 minutos. As alterações nas concentrações de glicose durante o teste foram expressas como a área integrada sob a curva (AUC) de glicose. O peso dos animais também foi aferido para verificar possíveis alterações metabólicas do DM2. Os dados foram analisados no programa estatístico GraphPad Prism versão 5.01. A AUC avaliada no teste ipTGG não apresentou diferença significativa entre os grupos (p=0,151), entretanto, a AUC no grupo ALX foi maior comparada ao grupo AI. A glicemia em jejum (tempo 0), de ambos os grupos, não ultrapassou 150 mg/dL, ponto de corte para modelo animal de DM2, segundo Animal Models of Diabetic Complications Consortium. O grupo AI apresentou glicemia de jejum superior ao grupo ALX (123,0±8,3 mg/dL vs 90,2±12,1 mg/dL; p<0,001). Após a aplicação intraperitoneal de glicose, nos tempos 5 (p<0,001), 15 (p<0,001) e 30 minutos (p=0,045), verificou-se uma diferença significativa entre os grupos, no qual o grupo ALX apresentou valores superiores de glicose nos tempos 15 e 30 minutos, sendo que o mesmo ocorreu nos tempos 60 e 120 minutos, mas não diferentemente significativo (p<0,05). Pode-se observar também que ambos os grupos não retornaram aos valores de glicemia inicial, indicando uma tolerância à glicose diminuída, primeiro estágio para a resistência à insulina. O ganho de peso foi maior no grupo AI (p=0,011), refletido no peso final, que foi 20% maior que no grupo ALX (540,5±20,8 g vs 451,0±46,7 g). Em relação os resultados encontrados, o grupo que recebeu sobrecarga de açÚcar invertido apresentou tolerância à glicose diminuída, mas glicemia em jejum inferior ao ponte de corte para DM2 e associou-se a um ganho de peso elevado, indicando estágio pré-diabético. Ressalta-se que a tentativa de induzir DM2 pelo modelo de sobrecarga de açÚcar invertido foi de forma crônica, diferentemente do grupo que recebeu Aloxano, que foi induzido de forma aguda, apresentando tolerância à glicose diminuída, baixo ganho de peso e início de hipoglicemia, características semelhantes ao Diabetes Mellitus tipo 1. Desta forma, no presente estudo, nenhum dos dois tratamentos foi eficiente para induzir DM2.


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