AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA EFICIÊNCIA DE UM SISTEMA INTEGRADO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES COM ALGAS E WETLANDS CONSTRUÍDOS, UTILIZANDO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO BIOINDICADOR

RENAN MACHADO VASCONCELOS, VANESSA ROSANA RIBEIRO, ADRIANA DÜPONT, EDUARDO ALEXIS LOBO ALCAYAGA

Resumo


O monitoramento ambiental de recursos hídricos para avaliar impactos antrópicos é de extrema importância como instrumento de gestão ambiental, visando adotar medidas mitigatórias. Neste contexto, uma moderna ciência vem ganhando destaque, a Ecotoxicologia, cujo objetivo é avaliar o potencial deletério de substâncias ou compostos químicos que se constituem em poluentes ambientais sobre os organismos vivos. Ciente desta problemática, a Universidade de Santa Cruz do Sul instalou, em suas dependências, uma estação de tratamento de efluente de esgoto (ETE UNISC) a fim de remover nutrientes e matéria orgânica. A partir de setembro de 2014, foi instalado um sistema integrado de tratamento de efluentes urbanos com algas e wetlands construídos, como alternativa de remediação mais limpa para águas residuais, trabalho executado pela equipe de pesquisadores do Departamento de Química e Física da UNISC. Neste contexto, visando determinar a eficiência da combinação de algas com wetlands construídos, amostras da água foram coletadas periodicamente para a realização de testes de toxicidade utilizando como organismo-teste o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, cultivado no Laboratório de Ecotoxicologia da Central Analítica da UNISC. O cultivo/manutenção de C. dubia ocorre conforme a norma brasileira 13373 (ABNT, 2010), onde são produzidos novos lotes a cada semana e descartados aqueles que chegam a 21 dias de idade; a manutenção do organismo é feito diariamente e consiste na limpeza dos lotes, descartes de filhotes que não serão utilizados e a alimentação dos organismos, bem como soluções de inóculo para produção de alimento. O alimento utilizado corresponde ao micro crustáceo Artemia salina e a alga Pseudokirchineriella subcapitata, sendo preparado semanalmente. A realização dos ensaios com o organismo-teste C. dubia seguiu a norma brasileira 13373 (ABNT, 2010). Em síntese, este ensaio consiste em expor fêmeas com menos de 24 horas de idade a diferentes concentrações da amostra, por um período de sete dias. O sistema utilizado é o semiestático, na qual se realiza a substituição da amostra durante o decorrer do ensaio. Visando atestar o sucesso do cultivo dos microcrustáceos foram realizados ensaios de sensibilidade com a substância de referência, Cloreto de Potássio, em diferentes concentrações. A faixa ideal para a CE(I)50 24 horas (Concentração de Exposição Inicial) foi de 0,01 mg L-1 a 0,47 mg L-1 para a substância de referência, não ultrapassando os limites de controle (dois desvios-padrão), condicionando, assim, a realização de testes ecotoxicológicos. Foram realizados dois testes experimentais no início do mês de junho, sendo que os resultados indicaram que houve mortalidade acima do limite estabelecido pela norma brasileira ABNT 13373 (20%), sendo necessário, portanto, uma recalibração dos meios de culturas/alimentação utilizados, processos que atualmente estão sendo realizados. Durante o segundo semestre de 2015, uma nova bateria de testes experimentais está sendo preparada para dar seguimento ao trabalho, além da manutenção rotineira dos bioensaios.


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