AVALIAÇÃO DA MODULAÇÃO AUTONÔMICA NO TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS EM PORTADORES DE DPOC
Resumo
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação ao fluxo aéreo e está associada a uma resposta inflamatória anormal causada principalmente pelo tabagismo, com efeitos extrapulmonares e manifestações multisistêmicas relacionadas à modulação autonômica cardíaca. Pacientes DPOC podem apresentar redução do balanço autonômico cardíaco evidenciado pela análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Objetivou-se avaliar a resposta autonômica aguda decorrente de um teste submáximo em portadores de DPOC através da análise da VFC. Utilizou-se o estudo transversal que avaliou portadores de DPOC sedentários e de ambos os sexos com estadiamento da doença entre moderado a muito severo. Os voluntários realizaram o Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6m) conforme o protocolo padrão da Sociedade Americana do Tórax (ATS Six-Minute Walk Test, 2002). O registro da VFC foi realizado com o paciente em repouso (5 minutos em sedestação), durante o TC6m (3 minutos finais do teste) e na recuperação após o TC6m (3 minutos após o fim do teste), utilizando o cardiofrequencímetro, sendo os dados posteriormente analisados através do software Kubios HRV (versão 2.2). Foram considerados os trechos mais estáveis que continham 256 intervalos R-R em cada situação. Realizada a análise do domínio do tempo e da frequência, em que os componentes espectrais de potência foram expressos em unidades normalizadas. Os dados foram expressos em média, desvio padrão, mediana e intervalo interquartil, sendo utilizado o teste t`Student para análise de amostras dependentes e teste de variância para comparações mÚltiplas (ANOVA) com Post Hoc de Tukey, (p≤ 0,05). A amostra foi composta por 19 portadores de DPOC com 58% homens (n=11), Índice de Massa Corporal (IMC) 26,6±6 Kg/m2 e Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1%) de 37,6±14,1 L/s. A distância percorrida no TC6m foi de 423,3±95 metros (87,3±26,4 % do predito). Observamos diferença significativa dos intervalos RR do repouso para o exercício [724,0 (676,7-788,1) vs 484,7 (447,1-602,7) p<0,01] e do repouso para recuperação após o TC6m [724,0 (676,7-788,1) vs 618,8 (536,8-701,3) p<0,01]. Não foi detectada diferença significativa entre o repouso, durante o TC6m e no momento da recuperação para as variáveis Baixa Frequência (LF) (66,2±19,5 vs 49,5±24,5 vs 54,9±26,4 p=0,087) e Alta Frequência (HF) (32,6±18,7 vs 49,7±23,7 vs 44,5±25,2 p=0,069). Adicionalmente, encontramos diferenças entre o período do repouso para o fim do TC6m para as variáveis Escala de Borg - Esforço Percebido (8,9±2,5 vs pós-13,2±3,1 p<0,01), Frequência Cardíaca (82,8±12,6 vs 116,6±21,8 bpm p<0,01) e Saturação Periférica de Oxigênio (94,9±3,9 vs 90,4±6,9 % p<0,01). Portadores de DPOC moderados a severos apresentam atenuada resposta da modulação autonômica cardíaca frente a um esforço submáximo que permanece durante o período de recuperação.
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