INFLUÊNCIA DA DISFUNÇÃO PERIFÉRICA SOBRE O DESEMPENHO NO INCREMENTAL SHUTTLE WALKING TEST EM PORTADORES DE DPOC
Resumo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), além de apresentar alterações progressivas no sistema respiratório, por sua característica inflamatória crônica anormal, acaba desencadeando repercussões multissistêmicas, em especial a disfunção periférica e sua influência na intolerância ao exercício físico. O objetivo de nosso estudo é avaliar o impacto da Doença Arterial Periférica (DAP) na força muscular periférica e na capacidade de exercício pelo Incremental Shuttle Walking Test (ISWT) nos portadores de DPOC. Em relação à metodologia, o estudo é transversal, realizado com 35 portadores de DPOC de ambos os sexos, ingressantes em programa de Reabilitação Pulmonar (RP). A disfunção arterial periférica foi avaliada em repouso, aferindo a pressão arterial sistólica (PAS) das artérias braquiais, pediosa e tibial posterior bilateralmente através de doppler vascular portátil e esfigmomanômetro. O Índice Tornozelo-Braquial (ITB) foi obtido dividindo-se o maior valor das pressões do membro inferior pela maior pressão do membro superior, sendo ITB normal (valores de 1,00 a 1,40), ITB limítrofe (0,91 e 0,99) e presença de DAP (≤ 0,90). A disfunção periférica foi avaliada através da Força de Preensão Palmar (FPP), através de dinamômetro, com o sujeito em sedestação, ombro aduzido, cotovelo com flexão a 90º, antebraço em posição neutra e a posição do punho pode variar entre 0 a 30º de extensão. Já a força muscular de membros inferiores desta população foi avaliada através de uma adaptação do Teste de 1 Repetição Máxima (1RM), sendo realizado, portanto, um Teste de 10 Repetições Máximas (10RM) de extensores e flexores de joelho. A tolerância ao exercício foi avaliada através do ISWT, que é considerado um teste máximo para esta população, por desencadear respostas fisiológicas semelhantes a um teste de exercício cardiopulmonar, realizados em esteira ou cicloergômetro. Tal teste foi realizado conforme Singh et al. (1992), em um corredor plano de 10 metros demarcado e incremental ditado por mídia sonora composta por vários níveis, as quais sinalizam o aumento da cadências do passo e da velocidade. Após a aplicação do teste de normalidade Shapiro Wilk, foi utilizado teste T Student para variáveis paramétricas e Mann-Whitney para as não-paramétricas. A correlação de Spearman foi utilizada para determinar associação entre as variáveis. Modelo de regressão linear mÚltipla foi realizado para avaliar o efeito das variáveis independentes sobre a distância percorrida no ISWT. Os sujeitos foram estratificados em 2 grupos distintos, DPOC ausência de DAP (n=19) e DPOC presença de DAP (n=16). Tais grupos foram devidamente emparelhados em suas características clínicas e quanto à gravidade da doença. Portadores de DPOC com DAP coexistente apresentaram menor FPP da mão dominante (33,00 Kgf vs 26,66 Kgf, p=0,026) e pior desempenho no ISWT (297,32 m vs 219,41m, p= 0,023), quando comparado aos DPOC sem DAP. O modelo de regressão linear identificou as variáveis que isoladamente interferem no ISWT: 21,6% a FPP (p=0,003), 28,0% o ITB esquerdo (p= 0,001) e 14,9% o ITB geral (p=0,013), com R2ajustado de 0,762 e F de 15,631 (p<0,001). Nos portadores de DPOC analisados, a disfunção muscular e arterial periférica interferem na distância percorrida no ISWT e ambas são responsáveis por 36,5% destas alterações.
Apontamentos
- Não há apontamentos.