O presente projeto de pesquisa encontra-se em andamento na Universidade de Santa Cruz do Sul e desenvolve-se em parceria com a Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Foi iniciado no primeiro semestre de 2012 e tem previsão de término no segundo semestre de 2015. O estudo aborda as práticas educativas dos trabalhadores de enfermagem de um hospital do Vale do Rio Pardo. Os objetivos que norteiam a pesquisa são a descrição e análise das formas de produção de saberes que ocorrem nas relações de produção e, especificamente, nas relações informais da prática social dos trabalhadores de enfermagem; a compreensão dos aspectos culturais e econômicos envolvidos na experiência educativa dos trabalhadores de enfermagem e também a proposição de novas formas de qualificação dos trabalhadores que atendam às necessidades de formação pessoal e profissional que contribuam para a realização de um trabalho que, para além de atender os critérios de produtividade da organização, constituam-se elementos de emancipação social. A pesquisa possui referencial teórico interdisciplinar que compreende a teoria crítica, o materialismo histórico e dialético, a ergologia, a psicologia social do trabalho e a saÚde. A metodologia utilizada é de natureza quali-quantitativa. Em termos quantitativos, foram aplicados questionários com aproximadamente 209 trabalhadores do setor de enfermagem, envolvendo enfermeiras e técnicas. No início do ano de 2015, foram realizadas 9 entrevistas, com 3 técnicas e 6 enfermeiras. Estas também responderam ao questionário. Neste resumo, serão apresentados resultados preliminares referentes à análise de 6 entrevistas, a qual deu origem a categorias provisórias: formação; trabalho e educação e produção de saberes nas práticas educativas. O trabalho dessas profissionais é rico em produção de saberes e o cotidiano é marcado pela agilidade e flexibilidade. Preliminarmente, no que se refere à produção de saberes nas práticas educativas informais, o estudo aponta as seguintes questões: a necessidade, segundo as trabalhadoras entrevistadas, de se relacionar com o outro para que ocorra a produção de saber; as trabalhadoras se utilizam da experiência profissional, pessoal e educativa na realização de suas atividades de trabalho; a produção de saberes muitas vezes ultrapassa a aprendizagem nas relações entre os profissionais, podendo alcançar até mesmo os contatos com os pacientes; as relações hierárquicas e culturais também produzem saberes e ocorrem mesmo que de forma invisível. Além de exercer as funções do cargo, acrescenta-se ao trabalho a carga de lidar constantemente com a gestão do trabalho emocional e do cuidado: na antecipação da tomada de decisões que são fundamentais para o bom funcionamento do trabalho e na fala com as famílias e com colegas que ocupam outros cargos e no contato com o paciente. Esse trabalho de gestão das emoções não faz parte do trabalho prescrito das trabalhadoras, porém ele é constante, fenômeno este que acarreta em desgaste, stress e até doenças. Mas, o gosto por fazer o bem ao próximo é apontado, pelas profissionais, como justificativa para o enfrentamento dessas condições de trabalho. O próximo passo da pesquisa será a realização de mais entrevistas e a formação de grupos de discussão para que haja um aprofundamento nas questões.