O DELÍRIO DIVINO NA POESIA DE FRIEDRICH HÖLDERLIN

TAISSON WEBER MACHADO, NORBERTO PERKOSKI

Resumo


Considerado o "poeta da loucura", Friedrich Hölderlin (1770-1843) foi selecionado, entre outros poetas alemães, para os "Encontros com a Poesia - Poetas da Literatura Ocidental - XXVI Módulo - Poetas de Língua Alemã", projeto vinculado ao Grupo de Pesquisa Estudos Poéticos, coordenado pelo Prof. Dr. Norberto Perkoski do Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UNISC. A participação como bolsista de pesquisa possibilitou a produção deste trabalho que consistiu na busca de material bibliográfico sobre esse poeta, bem como a leitura e seleção dos poemas mais representativos, usando como filtro para procurar imagens poéticas, seguindo a teoria de repercussão-ressonâncias de Gaston Bachelard, principal teórico do Grupo de Pesquisa. Primeiramente foi realizada uma leitura preliminar sem antes ser feita a pesquisa acerca da vida, da obra e da fortuna crítica do autor, constatando a dificuldade em compreendê-lo, prevendo os encontros com o pÚblico, que ocorrem posteriormente à pesquisa, e a possibilidade dos participantes desconhecerem o poeta. No decorrer da pesquisa, buscaram-se outras leituras dos poemas com um novo olhar, após tomar conhecimento sobre sua vida e produção literária. Hölderlin nasceu no final do século XVIII e foi contemporâneo dos autores pré-românticos do Sturm und Drung, movimento ao qual pertenceram Goethe e Schiller. Entretanto, estava à frente de seu tempo, pois trouxe em sua poesia uma influência grega não convencional. Enlouqueceu em 1801, pouco depois de publicar sua Única obra em prosa, o romance Hiperíon, que se relaciona diretamente com sua poesia e que podemos notar nos poemas "Canto de destino de 'Hiperíon'" e "Diotima", nome da personagem do romance, referente também a Diotima de O banquete de Platão, mulher de Mantineia que ensina a Sócrates o que sabe sobre o amor. É também nesse romance que Friedrich Hölderlin afirma que "o homem é um Deus quando sonha e um mendigo quando reflexiona", acreditava que a insânia precede a razão, pois a loucura vem dos deuses e a razão provém do homem, que, na infância, está mais perto desse delírio divino e à medida que vive e descobre o mundo e a si mesmo, perde essa essência. Segundo José Paulo Paes, seus poemas foram publicados somente em 1826, por iniciativa dos poetas suábios Schwab, Uhland e Kerner. Em 1807, sem avanço no tratamento clínico, foi entregue sob os cuidados de um marceneiro que admirava seus trabalhos e havia lido o romance. Viveu o resto de sua vida em uma torre, às margens do rio Neckar, contemplando o tranquilo horizonte do lugar em que passou sua infância, onde suas crises espaçaram e onde talvez tenha alcançado sua pretensão na vida, o divino, a insânia.


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