A participação no projeto Infâncias e Educação Guarani, como bolsista da FAPERGS, proporcionou-me compreender a importância da investigação da infância e da cultura indígena Guarani. Portanto, o interesse principal nesse resumo é propor-me a explicar sobre a minha atuação como bolsista, o que era realizado durante os encontros entre pesquisadores e as reflexões trazidas sobre o modo de ser e pensar Guarani. Os encontros aconteceram em duas aldeias Guarani: Tekoá Porã (belo lugar de se morar) e Ka´aguy Poty (flor da mata), nos municípios de Salto do Jacuí e de Estrela Velha. Respectivamente, o principal objetivo foi buscar estabelecer uma relação intercultural entre acadêmicos, professores e os Guarani, promovendo assim um espaço para escutas, diálogos, escritas e reflexões a partir dos encontros, valorizando a percepção e a fala dos Guarani sobre a temática da infância e cultura - respeitando suas particularidades. Como metodologia, utilizamos a pesquisa participante, na qual, através de perguntas abertas sobre a infância, esboços e relatos de desenhos, entrevistas semiestruturadas, nós pesquisadores fomos resgatando lembranças dos adultos e o presente das crianças, e assim, coletávamos informações para discutirmos tanto com os Guarani, quanto entre nós na Universidade. Destacamos que os Guarani participaram ativamente da pesquisa como pesquisadores, bem como a escola EEIEF Karai Tataendy Vera Claudio Acosta, constituída em uma aldeia de Estrela Velha, e com a Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Guarani localizada na aldeia de Salto do Jacuí. A partir das descrições que eram feitas sobre os acontecimentos dentro da aldeia e vivências, fomos percebendo diversos aspectos que despertaram a nossa atenção. Um destes aspectos é o quanto o projeto foi importante para os Guarani exercitarem a dimensão de serem pesquisadores de sua própria realidade, pois em todos os momentos se mostraram ativos e participantes dos processos que eram discutidos e realizados, e também, usufruindo de novas tecnologias e de aprendizagens em relação a escrita do português e do guarani. Obtivemos fatores importantes como a constituição do primeiro seminário sobre a educação e a infância guarani e também a peça central de nossa pesquisa: a construção de um livro bilíngue em duas versões (on-line e impressa) que ainda será lançado, exigindo desempenho e dedicação de todos nós pesquisadores. As conclusões alcançadas foram constatadas a partir de cada encontro realizado nas aldeias, geralmente mensalmente, e também os encontros semanais entre nós da Universidade, pois percebemos que assim fomos construindo discussões acerca da infância dos Guarani e sobre aquilo que consideram sagrado em suas vidas, resultando no livro. Como pesquisadores, tivemos a oportunidade de conhecer e conviver com a cultura indígena Guarani, revelando a importância de suas identidades, possibilitando novos olhares na educação e na psicologia e dando a oportunidade para uma nova geração usufruir deste livro que foi produzido para e pelos mesmos.